Por José Joacir dos Santos
O verão europeu de 2014 serviu de alerta para a complicada situação pela qual caminha toda a Europa. Sem ter que se aprofundar em pesquisas e estudos, é visível, nos jornais, na tv e nas ruas, o declínio social que acompanha as muitas crises político-econômicas por que passam vàrios países – Portugal, Espanha, Itália, Grécia, França e todos os demais países do Leste. Acrescente-se a isso, as brigas políticas por independência de províncias na Espanha, Inglaterra e a guerra na Ucrânia. Romênia e Bulgária, sem tradição turística, são os países do Leste Europeu onde se pratica os mais baixos salários de todo o continente e isso gera uma grande pressão sobre toda a Europa. O turismo ainda ameniza a crise, mas é instável. Sem o turismo, Itália, Espanha, Grécia e Portugal já teriam fechado as portas. Quem sustenta a Itália é o turismo do Vaticano. Todos os problemas se agravarão com a chegada do duro inverno, porque a Europa depende do gás de calefação vindo da Rússia.
Países como Portugal, Espanha e Itália diminuem de população nativa e essa se aventura em direção à América, Austrália e países como Emirados Árabes. Há mais idosos e poucas crianças nas ruas de toda a Europa. A população brasileira, com dupla nacionalidade, também abandona a Europa. Só ficam pobres. A crise afeta profundamente a Espanha, que acumula outro recorde dos mais indesejáveis: é a atual campeã européia de assassinatos de mulheres, a grande maioria por seus próprios companheiros, inclusive brasileiras imigrantes.
Enquanto isso, o racismo contra negros, latinos, judeus e asiáticos aumentou radicalmente. A revoada de jogadores famosos do futebol espanhol não é por acaso. É tão latente o racismo na Espanha que o próprio governo lançou um livro de alerta, com dados alarmantes. Na França, onde reside a maior população judía, as famílias começaram a imigrar para Israel e outros países fora da Europa. Segundo o jornal espahol El País, um em cada três judeus é agredido na França diariamente. França, Inglaterra e Bélgica, que também têm grande população muçulmana, já enfrentam, segundo a imprensa, a infiltração de radiais islámicos inclusive suspeitos de serem treinados na Síria. A Alemanha, o único que cresce com o Euro, é o país que mais recebe imigrantes e há quem diga que a prosperidade económica atual esconde uma bolha.
Apesar do racismo, há uma avalanche de imigrandes africanos e árabes que chega por barcos, apinhados como sardinha e só com a roupa do corpo. Mulheres, crianças e rapazes sem instrução são a maioria. Trazem o sonho de uma Europa que já não existe. Muitos já morreram no mar. O tráfico de pessoas parece ser o grande negócio do outro lado do mediterrâneo e aparentemente não há nada para deter isso. Os centros europeus de acolhimento de imigrandes estão abarrotados e as autoridades fazem corpo mole porque já enfrentam as maiores taxas de desemprego para seus próprios cidadãos. Pelas ruas das grandes cidades, se vê jovens africanos, que sequer falam as línguas européias, vendendo bolsas, roupas, óculos e outros objetos falsificados e fabricados na China, correndo de um lado para outra com medo da policía. Viver na Europa sem papéis legais é cruel.
Metrôs, ônibus coletivos, estações de trem, locais de grande aglomeração de turistas, inclusive ônibus especiais de turismo urbano, estão cheios de batedores de carteiras, muitos deles bem vestidos e se passando por turistas. Nos metrôs italianos, espanhóis e franceses é visível esse assédio. Aquele relaxamento e aquela sensação de segurança começa a desaparecer. Espanha e Itália são os países que mais recebem quadrilhas de ladrões vindos do Leste Europeu por não haver a necessidade de visto de turista. Romênia se destaca. Eles tomam das mãos dos turistas computadores, bolsas, celulares até dentro do metrô. Pouca gente tem coragem de interferir. Comparando com o Brasil, ainda é pouco o uso de arma de fogo em pequenos assaltos. Mas a Costa do Sol espanhola aparece na Tv como o paraíso do armado narcotráfico. O Estreito de Gibraltar é famoso pelo contrabando de tudo o que se possa imaginar – inclusive pessoas.
Ningém sai de seu país sem a esperança de días melhores. Mas, no cenário mundial atual, especialmente com as muitas guerras em andamento, os imigrantes acabam na rua. O lado mais triste dessa história é que quem está na rua fica extremamente vulnerável aos olhos de todos os marginais, gangues e exploradores sexuais. É perigoso querer ajudar. A Europa caminha, em velocidade alta, para se tornar o continente a ser evitado. Isso é lamentável e afetará, com certeza, os países sul-americanos. O Brasil que não faça pouco caso com a imigração que chega pelo Acre, aparentemente mantida pelo tráfico de pessoas. Nada de bom pode sair desse comércio desumano.