Por José Joacir dos Santos
A lenda da Fênix aparece nas mais diversas culturas, da Pérsia ao Egito e China, como o pássaro que renasce das próprias cinzas e por isso representa a maior dificuldade humana: a capacidade de recomeçar. Ao longo da vida, todo ser humano é submetido a todo tipo de provas físicas, emocionais e espirituais como um processo natural para a evolução da espécie e, acima de tudo, a evolução espiritual individual. Quem não enfrenta a vida, apenas vegeta e proclama vitória para aqueles que lhe fizeram pensar na incapacidade. A capacidade de lidar com as adiversidades da vida é um segredo que se adquire com a luta pela sobrevivência, nos dificuldades do dia-a-dia, cara a cara com todos os monstros e com uma forte vontade de aprender, desviando dos pingos da chuva e do vômito dos infelizes. É a experiência individual que conta. Aqueles que não se aventuram em busca da evolução jamais terão o prazer de saborear o recomeço e entender a eternidade da alma.
Como ser da superfície da terra, a gente precisa se inserir no contexto social para a aquisição de bens que nos propiciam conforto, segurança, satisfação pessoal e habilidade de troca. Lidar com as necessidades materiais e com tudo aquilo atrelado a essa aquisição é um desafio e tanto, onde os mais fracos de espírito jamais chegarão ao final das etapas. É preciso fortalecer o espírito para que a vida física seja conduzida com a leveza necessária, cobrindo as camadas emocionais com a proteção invisível e fiel do universo sagrado.
É muito leve a dor de se ver na televisão pessoas que perdem tudo com incêndios, maremotos, acidentes e desastres naturais. A gente se levanta, toma um copo com água e as notícias se sobrepõem umas às outras como se nada tivesse acontecido. Ver a própria casa sumir nas ondas do mar é outra história. Olhar ao redor e compreender que todo o esforço de uma vida inteira foi tragado em segundos faz o ser humano questionar a própria existência da proteção divina e daquilo que ele chama de Deus. Alguns congelarão suas vidas ali, para sempre. Outros conseguirão ir em frente sem olhar para trás e, além do DNA, a ciência não consegue explicar porque cada um reage de uma forma: uns enfrentam e outros fogem.
É duro ver um ente querido atravessar a porta para nunca mais. É muito fácil fugir da vida e mergulhar em drogas alucinantes que dificultarão, nem que seja por instantes, o enfrentamento da realidade da vida, sem pensar no sofrimento futuro dos efeitos colaterais. O suicídio, em contra gotas, é imperdoável e pouco inteligente. Mesmo aqueles que se tratam têm de conviver com seqüelas físicas, mentais, emocionais e espirituais para o resto da vida. Como comprender que suar por uma vida melhor é bom? Quase ninguém sabe perder. A maioria não quer suar. Quer fazer rolés em shoppings, participar de quebradeira nas ruas e acha que os outros precisam pagar por suas próprias deficiências. Onde vocês estavam quando eu ralava nos bancos da escola, trabalhando o dia inteiro e estudando à noite? De quem são esses celulares, relógios, correntes de ouro e computadores vendidos no escuro da noite?
Nunca imaginei que um dia ligaria o computador e meu site, com mais de 600 artigos pessoais, dos mais diferentes assuntos, não apareceria na tela para sempre. E assim foi. O trabalho de mais de dez anos tinha sido tragado pelas forças contrárias, na tentativa de frear o acesso ao conhecimento e à pesquisa. Por alguns dias ainda remoí meu estômago e a sede de vingança contra a empresa que o hospedava saía pelas narinas como os vapores do Dragão. Busquei nas cinzas e reencontrei parte do material perdido, porque ningém consegue roubar ou neutralizar aquilo que guardamos na nossa mente. Tenho a consciência de que aquilo que se perdeu ficou um tempo disponível no ar para quem necessitasse. Para se renovar é preciso morrer. Parte daquele material já tinha cumprido o seu destino. Ao ter a Fênix como animal de poder e com a capacidade de recomeçar sem constrangimentos, aqui estou com um novo site, mais moderno e bonito. Há muito que aprendi a lição. Fênix conseguiu sair do paraíso para não saborear a maçã proibida e com isso ganhou a eternidade da estrela do sudoeste. Perdôo os responsáveis pela destruição do meu site anterior. Os anéis podem ir mas os dedos e a inteligência ficam. Espero que os meus alunos, amigos, leitores, parentes, colegas e o público em geral desfrutem desde novo tempo. jjoacir@gmail.com