Por José Joacir dos Santos, Psicossomatista
Há quem diga que todo mundo mente, mas isso não é verdade. Dependendo do meio social em que é criada, a criança pode aprender a mentir para chamar a atenção, para se sentir querida ou por falta de bons exemplos e correção dos seus responsáveis. Ao contrário do que todo mundo pensa, a criança absorve tudo ao seu redor como verdadeiro. Um ambiente onde há insegurança ou violência familiar é um prato cheio para mentiras e outros desajustes. Em ambiente sadio, a criança pode aprender a mentir de brincadeira e depois de inventar uma história se sente culpada e assume que mentiu. Depois dos 18 anos de idade, mentir já passa a ser intolerável. Conviver com uma pessoa que sempre mente é insuportável, gera tensão e desconfianças infindáveis. Depois que se perde a confiança em alguém é muito difícil recuperá-la e isso serve para todo tipo de relacionamento.
A mentira tem pernas curtas, como diz o ditado popular. Causa danos incalculáveis no sistema emocional de quem a pratica. Como o cérebro acredita cegamente em tudo o que é desenvolvido pelo sistema físico do indivíduo, a mentira gera conflitos internos, cria confusão mental e resulta em disfunções físicas como engordar, dores de cabeça, insônia e outros desconfortos, dependendo da natureza da pessoa.
No nível espiritual, a mentira funciona como alguém que bate com a cara em uma porta de vidro. O mundo ao redor da pessoa desmorona e o fluxo vital/energético entra em desequilíbrio. O anjo da guarda do mentiroso se afasta e a porta se abre para outros atores menos graduados – a escuridão!
Quem se vicia em mentir tem dificuldades de parar. Mente por qualquer coisa e a todo momento. Cria um mundo falso ao seu redor e passa a acreditar que esse falso mundo é real. A grande consequência de tudo isso é que o mundo falso que se tornou real entra em conflito com o mundo real das pessoas com as quais o mentiroso necessita interagir e o resultado é nulo: nada dá certo. A mínima coisa que o mentiroso luta para obter é bloqueda. A vida do mentiroso se torna uma miséria sem fim, até o ponto em que começam a surgir doenças psicossomáticas, de tumores a cáncer – uma prisão sem chaves. O tiro pela culatra.
Todos os povos tolerantes com a mentira estão hoje vivendo momentos difíceis, de pobreza a guerras sem fim. Teria algo mais doloroso do que viver um relacionamento de mentira? A mentira é irmã gêmea da desonestidade. As pessoas que erguem suas vidas com base na desonestidade sobem alto e muito rápidamente. Quando caem, a queda é tão grande que a fumaça cobre qualquer possibilidade de perdão.
Quem não foi vítima de mentiras? Com a ajuda da internete, as mentiras correm mundos e destróem em segundos a vida de qualquer pessoa inocente. Mas temos que recordar que a energía gerada volta sempre para a fonte. Assim, quem aquí faz aquí mesmo paga e as vezes com juros altos. Se não for a própria pessoa, será alguém da família.
Quando o mentiroso se faz de vítima, todo o seu sistema emocional entra em colapso. Todos os grandes mentirosos que se arrependem tentaram reconstruir a vida mas sempre perderam. A programação emocional da mentira é tão forte que se irraiza na memória de cada célula como se fosse um arquivo de fotografía postado no internete – não se apaga. Quando o autor tenta apagar, a empresa já gravou para sempre.
É importante que o indivíduo que se acostumou a mentir tente deixar o vício enquanto há tempo — com ajuda profissional. Depois dos 30 anos de idade, a solidez do que é colocado na memória celular é igual a uma porta de ferro fundido fechada com barras do mesmo metal. Mentir é uma das piores manchas mentais que o ser humano já inventou. Só serve para atrapalhar a vida das pessoas, inclusive a do mentiroso. Viver a verdade, por mais simples que seja, é um privilégio, abre todas as portas, dá uma sensação de paz como respirar o ar da montanha.