Por José Joacir dos Santos, jornalista
O calendário Maia previu o fim de um ciclo e o início de outro, sem a destruição do mundo. As culturas esotéricas e espiritualistas também já sabiam que o novo ciclo iria na direção de um mundo melhor, a esperada Era de Ouro. Mas, até que se cumpra o que tem que ser cumprido, muita água turbulenta passará por baixo e por cima da ponte. Essas águas turbulentas já estão transbordando. É a violência em suas mais cruéis versões, da droga à religião, regida por extremistas sem alma ou falsos moralistas.
Antigamente falava-se em violência apontando para um mapa. Hoje o mapa está bem próximo de nossas casas e as vezes dentro delas. A epidemia é tão forte que faz as pessoas se sentirem indefesas e impotentes. A violência parece distante enquanto a a vítima não for um membro da família. Enquanto as vítimas não são da família, as pessoas se comportam como se nada estivessem acontecendo e esse processo de negação faz a violência crescer. Veja o que ocorreu com o Rio de Janeiro. A falta de atenção devida na hora e no tempo certo fez com que as autoridades competentes perdessem o controle e hoje a chaga afeta até a própria policía.
Em termos de Brasil, o nosso povo está perdendo as próprias rédias. Conhecido mundialmente como um povo gentil, o brasileiro agora aparece nos jornais estrangeiros como um povo mal-educado que desrespeita publicamente até quem ocupa a presidência da República. Palavrões de baixo calão estão em todos os grupos da rede social, como se o brasileiro estivesse contaminado com algo muito muim. E isso só cresce. E as pessoas se calam diante de agressões públicas e privadas. Isso agrava outro aspecto da vida social brasileiro: empurrar com a barriga as próprias sujeiras ou jogar o lixo para debaixo do tapete.
Infelizmente, o nosso povo é campeão de empurrar as questões sociais com a barriga e de colocar a culpa nos outros. As vezes, a própria sociedade cria um bode expiatório como o fezeram com a Presidente da República na época da Copa do Mundo – e o mundo ficou envergonhado dos brasileiros. O bode expiatório é uma maneira de fingir e não assumir os próprios problemas. A grande maioria da população também é craque em votar nas pessoas erradas, desperdiçando assim o voto livre e secreto, para depois reclamar do governo. Quem é o governo? Quem administra ou quem elege os representantes?
Estas questão são recorrentes. A cada eleição, os mesmos erros acontecem. E, com a cara mais limpa do mundo, o eleitor tem a coragem de fingir que não elegeu representantes errados e joga a culpa, mais uma vez, no país ou em um governante, embora aquele governante tenha sido eleito pela maioria da população em eleições livres e em dois turnos.
É muito cansativo tudo isso e dá muita raiva desse processo eterno de negação que o povo brasileiro vive. Somos os piores inimigos do Brasil. Ninguém causa mais danos ao Brasil, atualmente e sempre, que o próprio povo brasileiro. Muitos países do mundo convivem hoje com ameaças externas, exceto o Brasil, cuja maior ameaça vem de seus cidadãos.
A comprovação dessa falsidade está nas redes sociais. Qualquer uma. É só entrar e ver uma grande lista de pessoas xingando o país como quem coloca algo de um odor terrível no ventilador. As redes internacionais de televisão mostram brasileiros falando mal do próprio país, reclamando de tudo, como se eles não tivessem participação alguma em tudo o que está ocorrendo contra a corrente do desenvolvimento, da paz e da estabilidade social. De um país em ascenção, o Brasil já começa a aparecer como um país em desastre social eminente. E isso é uma injustiça grande que se comete com as futuras gerações, isto é, os meus netos e os seus. É só abrir um jornal e ver deputados e senadores tirando vantagens pessoais dos seus cargos nem que passa isso destruam a imagem e a paz social do país.
O ódio tomou conta das redes sociais e parece que alguns brasileiros acham uma maravilha odiar. Embora eleita em duas eleições e em quatro turnos, a Presidenta da República é agora apontada como a responsável por todos os problemas do país. Ninguém lembra mais em quem votou para a Câmara nem para o Senado, depois do último carnaval e da derrota do time oficial na Copa do Mundo. Ninguém mais sabe quem votou em políticos grosseiros, racistas, homofóbicos e até policiais que aparecem em palanques com arma na cintura. As mentes apagaram, de propósito, suas lembranças e nos faz lembrar uma frase muito dita durante a ditadura militar: o povo não tem memória. Tem sim, mas finge que não.
Enquanto isso, os shoppings das mais famosas capitais do mundo estão cheios de brasileiros comprando tudo o que precisam e, especialmente, tudo o que não precisam. Nas próximas eleições, todos aqueles incapacitados intelectualmente, descomprometidos com o progresso e o bem-estar do país, serão reeleitos e novos, da mesma espécie, adicionados. O que podemos esperar do nosso futuro como nação? Um milagre?
A violência afasta a proteção espiritual e abre espaço para o outro lado da luz. Falta pouco para a linha divisória entre a escuridão e a luz ser ultrapassada. Depois disso, ninguém segura.
Se nós brasileiros não tomarmos vergonha na cara, com urgência, o país ficará impraticável em breve, com a ajuda do nosso Congresso Nacional, ávido de dinheiro e poder pessoal sem limites.
Peço a todos que lerem este artigo que dediquem alguns minutos para rezar/orar pelo país. Esta é a única forma de dissolver essa influência negativa orquestrada por alguns grupos de brasileiros que só ficam feliz quando o sangue desce pelas ruas.