- Ao contrário do que muitos especialistas pensam, o maior número de abuso infantil ocorre dentro da própria família, por parte dos pais/tios/padrastos/meio-irmãos/irmãos/babás e empregados. A mania de bater para “educar” é ainda muito forte no país, apesar de se saber que violência doméstica só contribui para o adoecimento emocional de toda a família. Pais que desenvolvem práticas de abuso físico, sexual e emocional contra seus próprios filhos ou contra crianças sob sua supervisão tem as seguintes principais características: situações estressantes como desemprego ou renda insuficiente; falta de planejamento familiar onde se gasta mais do que de ganha; deficiência emocional em lidar com situações difíceis; não sabem como lidar com crianças especiais, hiperativas, deficientes físicas de qualquer espécie; infelicidade no casamento; abandono por parte de um dos cônjuges; pessoas que perdem o controle facilmente, ficam com raiva facilmente, batem portas, quebram coisas com raiva, batem no cônjuge; solitários de qualquer espécie, especialmente aqueles que possuem uma solidão incurável, desde a infância. A sentimento de não pertencer a uma família ou de não ser amado. Pais ignorantes quanto às necessidades infantis; cuidados básicos; sobre o comportamento infantil até a adolescência; as mudanças físicas e emocionais naturais das crianças/adolescentes. Pessoas que casam para esconder suas preferências sexuais. Pais sem instrução acadêmica e presos a religiões fundamentalistas e castradoras, que decoram frases ditadas pelo líder.
- Alguns pais, sem muita educação familiar, desenvolvem as conhecidas relações pai/filha e mãe/filho. Convencem as crianças de que a filha é a “queridinha do papai” ou a mãe desenvolve a falsa associação de que o filho é o “queridinho só da mamãe”. Marido que chama a mulher de mãe ou a mulher que chama o marido de pai (confunde as crianças). Essas situações evoluem para relações doentias. Esse “favoritismo” é também doentio para a criança vítima dele. Ela cresce com dificuldades de fazer julgamentos corretos, tomar decisões prudentes, ter relacionamentos afetivos sadios e construir grupos de apoio emocionalmente saudáveis e sociáveis – esportes, por exemplo. Alguns pais tomam banho com seus filhos como se isso fosse um traço cultural natural na nossa sociedade e não é. Os conflitos começam quando a criança inocentemente comenta com outras crianças e que toma banho com os pais, ou que dormem com o pai ou com a mãe ou com ambos desde os três anos de idade. Elas também comentam do tamanho e da forma da genitália dos pais. É muito comum acontecer incesto nas relações pai/filha queridinha ou mãe/filho queridinho, embora a cumplicidade leve ao segredo e o segredo aos traumas nunca resolvidos que afetam a vida inteira do indivíduo em tudo o que ele fizer.
- O pai/mãe incestuoso faz o filho/filha se sentir especial no mundo. Presentes “especiais” são constantes. Pais adotivos abusivos também agem da mesma forma. O favoritismo faz a pessoa substituir o parceiro real, vamos dizer, o pai passa a olhar para a filha como o parceiro sexual e ignora a esposa. Os lugares mais utilizados para esses abusos são cama, banheiro, o carro parado na garagem etc. Vizinhos também abusam. A mãe insiste em dar banho no menino mais de oito anos, que hoje em dia já estão bem avançados fisicamente. O pai também quer banhar a filha quando ela já tem mais de cinco anos e já pode tomar banho sozinha. Há registro de empregados abusarem de crianças e adolescentes, especialmente se o patrão ou/e a patroa são daquele tipo que deixam tudo nas mãos dos empregados/tias, tios, cunhados etc. Na maioria dos casos há ameaças se a criança ou o adolescentes “contar a alguém” (Christianoson & Blak 1990).
- Há vários sinais de abuso: Criança aparece machucada, com ronchas, e não quer contar o que aconteceu; criança com baixa auto-estima; encena atos sexuais com outras crianças ou com bonecas ou animais de estimação; quer tocar nas genitálias de adultos, mesmo vizinhos; desenha genitálias ou cenas de sexo o tempo todo; baixo rendimento escolar repentino; pai ou mãe que insiste em botar a criança para dormir, fica mais do que necessário no quarto da criança, acompanha demais a criança ao banheiro; a criança começa a ficar apreensiva dentro de caso; toma atitudes contrárias a um dos pais; fala de sexo fora da sua idade; quer sentar sempre no colo do pai; toca seios da mãe na frente de outras pessoas; chama adultos para tomar banho; não se socializa com outras crianças da mesma idade e se acontece tenta abusar delas. Os casos mais profundos, a criança desenvolve o desejo por cigarro, drogas e álcool e pai/mãe diz: “comigo não tem problema, só não pode fazer isso na rua, tá ouvindo?”. Crianças abusadas também apresentam-se agressivas contra outras crianças. Não têm mais inocência, isto é, começam a se comportar como adultos, geralmente copiando o adulto preferido e abusador. Elas começam a desobedecer as regras, tanto na família quanto em público e na escola. Mesmo pais com formação univesitária abusam de crianças e adolescentes porque lhes falta a formação familiar emocional.
- Qualquer que for a idade, a criança/adolescente vítima de abuso precisa ser submetida a atendimento terapêutico com certa frequência, assim como os pais. Geralmente há separações quando um dos cônjuges descobre que o outro abusou dos filhos e essas situações devem ser acompanhadas por um especialista para que o dano não seja ainda maior. É importante lembrar que, em termos de idade, o homem só atinge a fase do amadurecimento e sabe o que está fazendo na vida aos 26 anos. A mulher aos 23. Tanto a educação familiar muito rigorosa quanto aquela aberta demais produz efeito contrário na formação emocional de quem estiver dentro dela.
- O menor de 18 anos pode facilmente fazer sexo porque não tem, fisicamente, cérebro formado para saber discernir o que é que deve e o que não deve, por mais esperto que seja. Muitos jovens fogem de casa ou saem de casa quando não suportam mais os abusos ou quando começam a perceber que a sua condição é diferente da dos outros na sua idade e onde o pai não faz sexo com filha nem filho faz sexo com mãe ou adultos. Muitos até são mortos ou “desaparecem”. É muito importante que os pais tenham a consciência do que é ser pai ou mãe e se comprometam imparcialmente com a educação dos filhos, a formação da personalidade sadia já que sexo interfere fortemente na formação da personalidade se for mal conduzido ou fora do tempo ou deturpado. Não estamos falando aqui da homossexualidade.
- Só a vítima sabe o tamanho da dor que o abuso físico, sexual e emocional provoca. A dor pode vir muito mais tarde, nas noites de solidão, insegurança e medo de enfrentar a vida. As vezes são danos irreparáveis, que pulsam dentro do coração da vítima, por mais que ela se dedique à própria cura. Para compreender o conceito de família sadia, é só olhar para as prisões e para os orfanatos e se perguntar por que essas instituições vivem lotadas. jjoacir@gmail.com
Por José Joacir dos Santos