Por José Joacir dos Santos
O planeta sente na pele o resultado da deflorestação, do descaso com a emissão de poluentes no ar, na terra, nos rios e nos mares. Já sofremos o impacto das futuras grandes secas. Há 30 anos atrás, quando a espiritualidade avisava sobre o avanço do mar e da seca, a imprensa dizia que era tudo superstição. Hoje vários países estão sofrendo com o avanço do mar e no Nordeste do Brasil esse fenômeno é bem visível – praias na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte estão sendo engolidas pelo mar. A indústria imobiliária deu sua contribuição para esse desastre: construiu casas e prédios em na praia. Anos atrás, o governo de Pernambuco mandou colocar pedras nas áreas afetadas em Olinda e o mar já cobriu todas elas. Sem que a crise do avanço do mar tivesse na preocupação diária dos políticos, a seca agora é um monstro que se aproxima, com força. Já se fala em megassecas!
Países do Norte da África já estão há meses sem chuva. E os reservatórios de água quase secos. Enquanto isso, potências militares como China e Rússia financiam as rebeliões na África, fazendo pequenos países ficarem endividados e sem a menor perspectiva de pagar suas dívidas. Milhares de dólares estão sendo destinados dos órgãos das Nações Unidas para alimentar quantidades nunca vistas de desabrigados e famintos em toda a África. A devastação no mundo animal é igualmente grande. Sem florestas, inúmeras espécies ficam sem teto e sem comida.
As ilhas Salomão simplesmente se venderam para a China e a qualquer momento a população estará servindo como escrava aos militares chineses. Da mesma forma estarão o Sudão, Mali e outros países atualmente dominados pelos mercenários russos e serão, muito em breve, usados como base militar para seus projetos de guerra. Na América Central, Nicarágua finge que está no caminho cento, perseguindo religiosos e se vendendo aos militares chineses e russos. Os Estados Unidos, que seriam uma contrabalança, ainda não se recuperaram dos estragos feitos, de propósito, pelo governo do ex-presidente Trump, aficionado por armas e munições. E não tem o poder de derramar dinheiro em infraestruturas que em cinco anos não servirão para nada como estão fazendo os chineses.
Na minha infância falava-se muito na grande seca dos anos 1950, aquela que provocou o grande êxodo de nordestinos para São Paulo, Rio e finalmente para a construção de Brasília. Um belo dia, o marido da minha tia estacionou um carrão em frente a nossa casa, sorridente. Com muito orgulho, o homem disse que agora era motorista da Sudene. Ninguém sabia o que era a Sudene até que nas eleições os políticos começaram a falar muito nos benefícios da Sudene. Adolescente, fui a Recife e descobri onde ficava o famoso edifício da Sudene. Com o passar dos anos, a Sudene só aparecia na época de eleições e quando cheguei à universidade não demorou muito a surgir o assunto da indústria da seca.
De acordo com o Google, a Sudene foi criada em 1959, com sede em Recife. Era uma autarquia diretamente subordinada à Presidência da República com a missão de combater o quadro de seca, desemprego, êxodo rural e domínio oligárquico na região. Procurei no Google se a Sudene tinha reflorestado alguma parte dos estados que deveria cuidar ou criado alguma reserva de floresta e não encontrei. Hoje, mais do que nunca, a ciência diz que quem acaba as secas são as florestas. Onde estão as florestas plantadas pelo Sudene? Alguém sabe o que é o DENOCS? Criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas – IOCS através do Decreto 7.619, de 21 de outubro de 1909, alguém conhece alguma floresta plantada ou replantada por esse órgão estatal em seus 119 anos de idade? Claro, alguém vai dizer que no estatuto daquela organização deixaram de incluir a obrigação de plantar árvores. É impressionante o prédio do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, em Fortaleza.
Anos depois, passei em frente ao prédio da Sudene em Recife e percebi que o prédio parecia um pé de manga carregado: ar-condicionados espalhados por todos os lados. Teria algo a ver com cabide de emprego garantido? Cadê as reportagens da imprensa, destinada a vigiar a democracia? Mas não é só a Sudene nem o Denocs. Existem outros elefantes brancos pendurados nos governos de todos os estados do país, cuja missão seria cuidar dos ecossistemas. Mas, o que se vê na tv são os incêndios florestais. S
Os governos que passaram por Pernambuco também não se preocuparam com o futuro da cidade. Autorizaram a construção de arranhas-céus em toda a orla da cidade. Hoje, aquela floresta de concreto impede que a brisa do Atlântico siga seu caminho natural e esfrie a cidade e alimente de frescor as poucas árvores que ainda existem por lá. A cidade fica cada vez mais quente, seca, inabitável. Todos os mangues naturais já desapareceram, assim como pássaros. Pernambuco é apenas um exemplo. Todos os estados do Nordeste, sob a jurisdição da Sudene, cometem os mesmos erros.
As megassecas não são mais previsíveis. São uma realidade global. Em 2012, a Europa teve as piores ondas de calor e a Alemanha viu, depois de muitos anos, seus rios secarem com no Nordeste do Brasil. A população brasileira continua elegendo políticos favoráveis à desertificação, à extinção de florestas e rios. As mudanças climáticas podem ter um impacto devastador sobre as florestas, alertou Jim Robbins é autor do livro “The Man Who Planted Trees” (“O homem que plantava árvores”, em tradução livre), depois de ver árvores gigantes e ancestrais morrerem nos EUA a partir de 2020.
A única garantia de chuvas e da continuação da vida no planeta são as florestas. Delas dependem todo tipo de espécie e a sua vida saudável se reflete imediatamente nos rios e no mar. Falta no Brasil um programa que se chamaria minha floresta minha vida!
Anestesiados com morfina, alguns políticos brasileiros continuam dando murro em ponta de faca, indo pelo caminho contrário aos interesses vitais das inúmeras gerações de brasileiros. E a juventude? Não seria a juventude o guardião ou a guardiã dos interesses ecológicos do país? Ah, a juventude! — como diria Violeta Parra… A juventude está enebriada com psicodélicos que apelidaram de recreativos… Enquanto isso, a cada minuto que passa, uma quantidade de árvore é derrubada nas florestas brasileiras, em todas as regiões, e o povo continua se preparando para votar nos mesmos candidatos, nas próximas eleições… No Senado e na Câmara continuam as lutas pelo poder pessoal, não pela nação. Sem pressão, aqueles políticos não vão se preocupar com florestas. Vão juntar dinheiro para comprar apartamentos em Miami, que sofre, também com o avanço do mar e todos os demais fenômenos naturais causados pela falta de cuidado com a natureza em todo o mundo.