Por José Joacir dos Santos, Psicoterapeuta e Jornalista

Sincronicidade não é a mesma coisa que coincidência, premonição etc. A falta de sincronicidade com o universo é um problema grave, cheio de conseqüências. As pessoas que estão sempre atrasadas para os compromissos diários estão fora da sincronia universal, do tempo, do espaço e dos cinco elementos da saúde. A principal conseqüência para essas pessoas é a falta de dinheiro, a dificuldade de conseguir tudo que quer nesta vida, a ausência de prosperidade e abundância em todos os seus aspectos: amor, família, dinheiro, oportunidade melhor de trabalho, melhores escolhas – desde o parceiro que dorme junto ao tomate que compra.

A pessoa reclama da falta de oportunidade na vida, da família, do governo, porque é incapaz de perceber que o principal problema está nela mesma. Há componentes emocionais que contribuem para pessoas atrasadas: indisciplina familiar, falta de autoridade familiar, falta da figura paterna no processo de crescimento e educação familiar, pais ausentes, indisciplinados, que usam a moeda da troca para compensar falhas, desencontros, desajustes familiares, separações, divórcios, violência doméstica, religião castradora etc. A indisciplina é a pior delas – filhos criados por avós, mães solteiras, tios, orfanatos, pessoas que não têm disciplina em suas vidas diárias, são um desastre etc. O erro dos órgãos públicos brasileiros que controlam as adoções é imaginar que um casal, constituído de marido e mulher, é o ideal para adotar. Muito pelo contrário, não é o gênero nem a certidão de casamento que faz as pessoas se equilibrar.

Para aqueles que vivem sem a sincronicidade, conseguir qualquer coisa na vida é muito complicado, difícil, cheio de empecilho. Elas atraem facilmente pessoas erradas. Serão sempre colocadas em segundo plano, segunda opção, discriminadas, perseguidas, desde a escolha para um trabalho às relações afetivas, isto é, atrairão pessoas erradas, complicadas, negativas, desorganizadas, com karma pesado e semelhante, cheias de problemas, que nunca concretizam nada na vida, desde trabalho à mais simples opção normal da vida. Serão visíveis a assaltantes, criminosos, gente ruim que se veste de pele de cordeiro para atacar. A pessoa que está sempre atrasada é fácil de envolver-se em pensamentos negativos, pessimistas, ódio, rancor sobre a vida como um todo. São presas fáceis para a insatisfação na vida. Dão murros em ponta de faca. Batem com a cabeça no mesmo lugar errado. Têm dificuldade de ver o mundo com clareza e tomam decisões equivocadas – para se arrepender tarde demais.

Ninguém gosta de pessoa que se atrasa, que paga contas atrasadas, que não se “dá conta” que tem compromissos financeiros, sociais, familiares, afetivos. Geralmente inventam mil desculpas para seus atrasos e ainda culpam o mundo ao seu redor. São sempre vítimas. Por outro lado, a conspiração universal (cheia de anjos, santos, guardiães e protetores) também terá dificuldade de acontecer simplesmente porque a pessoa vive fora do relógio e do tempo. A espiritualidade, que é pontual, não encontra esse tipo de pessoa. A pessoa não é encontrada no lugar que deveria, na hora certa, no tempo certo. Enquanto todos estão prontos para conspirar a favor, ajudar, dar um empurrãozinho na vida daquela pessoa, ela está ainda escovando os dentes em casa.

Quem não tem uma pessoa na família que deixa todos na porta esperando para sair e ela ainda está procurando a bolsa, escovando os dentes ou ainda não enxugou o cabelo? Embora mais raros, há também homens assim. Tive uma pessoa na minha família que trabalhava em um banco. Era batalhadora, honesta, e o universo colocou muitas opções boas e prósperas em seu caminho. Chegava sempre atrasada no banco, até se aposentar. Quando o relógio batia dez da manhã, a hora que ela deveria estar entrando no trabalho, ela estava indo tomar banho, secar o cabelo, tomar café, procurar a bolsa… Quando essa pessoa envelheceu, contraiu Alzheimer e isso provocou um choque familiar pela falta de história familiar com essa terrível doença.

As doenças mentais e emocionais têm um pezinho na incapacidade das pessoas de se manter no momento presente: vivem no tempo errado (passado ou futuro) ou estão sempre atrasadas e atraindo para a vida delas tudo o que ficou perdido pelo caminho, inclusive pessoas. A pessoa que é apressada tem a tendência de querer empurrar o futuro, mas isso não é prejudicial como aquela que está sempre atrasada. É evidente que Alzheimer tem outras implicações emocionais como a invasão de obsessores, magia negra, escuridão da alma etc. O descompasso com o relógio e o tempo é uma espécie de facilitador daquela doença.

Haveria remédio para quem vive fora do tempo? Sim. É necessário conversar com terapeuta para encontrar a raiz do seu descaso com o tempo, a falta de respeito com as pessoas que estão sempre esperando o cabelo secar, a falta de disciplina e ter vontade de corrigir esse grave defeito. Só assim a vida melhorará. Se houver traumas familiares, geralmente de infância ou adolescência, devem ser trabalhados até derreterem. Pode haver motivos físicos, dentro da química interna da pessoa, mas isso também pode ser trabalhado e aniquilado.

Nenhum ser humano nasceu para viver fora do tempo e do espaço. A vida precisa estar alinhada para facilitar a sincronicidade. Se por alguma razão, quase sempre religiosa, indivíduo não acredite na espiritualidade (que é um contraste), ninguém está sozinho e desamparado na face da terra. Os projetos de ajuda espiritual podem fracassar se o indivíduo dificultá-los e usar o livre arbítrio para não se encaixar neles. Tudo isso faz parte de decisões pessoais porque ninguém salva ninguém.