Por José Joacir dos Santos
Tomei consciência, no meio da noite, de que estava dormindo na minha cama e meu espírito caminhando no umbral. Comparando com saídas do corpo para localidades na mesma frequência da superfície da terra, a diferença é que no umbral tudo parece ser em preto e branco. Não há cores. Há claridade, mas não há luz. Percebi que meu raciocínio lógico não funcionava com precisão. Sabia que estava no umbral, mas não entendia o que fazia ali. Meu mental era bombardeado de desejos negativos, como, por exemplo, procurar ali pessoas para fazer sexo. Era como se meus ouvidos estivessem plugados a várias vozes de comando. Resisti porque meu espírito estava treinado para isso. Se não fosse os anos de estudo e conscientização, cairia naquela armadilha, como muita gente boa caiu nas ofertas de passagem de ônibus, avião e hospedagem para promover a quebradeira de 8 de janeiro em Brasília. As entidades fazem a mesma coisa. Seduzem ou pegam aqueles desprevenidos ou não vigilantes. Talvez eu estivesse no estado de falta de vigilância.
Caminhei por uma espécie de beco que não tinha fim, como aqueles becos estreitos das favelas brasileiras. Pessoas malvestidas caminhavam de um lado para outro naqueles casebres muito pobres, feitos com marial parecido com papelão ou restos de madeira. Havia gente por todo lado, inclusive crianças e idosos prostrados, sentadas, deitadas, caminhando de um lado para outro. Nunca imaginei haver crianças no umbral. Não havia sinal de vida normal, como, por exemplo, cozinha, comida e água. Senti uma enorme sensação de solidão e angústia. Parecia um pouco com as favelas de Bangladesh ou da Índia, mas eles falavam o idioma russo. De tempos em tempos eu me perguntava o que fazia naquele lugar. Procurei uma saída, mas o beco parecia não ter saída. As acomodações eram emendadas umas nas outras como que de propósito para ninguém sair de lá.
Confirmei, mais uma vez, que as pessoas não me viam. Era como azeite de oliva numa garrafa de água. Entrei e saí dos cubículos, bem próximo às pessoas, e elas não me viam. Entendi que eu tinha outra frequência energética. Aos poucos comecei a sentir uma espécie de claustrofobia. Estranhamente parecia que estava lá por mim mesmo, sem mentores, mas sabia que isso pode acontecer quando a gente está displicente na hora de dormir. Podemos ser levados para lugares sem perceber que estamos indo e com quem estamos indo.
Quanto mais caminhava mais o beco se estendia. Sentia meu corpo físico, na minha cama, puxar meu espírito porque a respiração estava se encurtando. Decidi sair de lá de qualquer jeito. Aquele aviso do corpo físico não pode ser ignorado. Como um passe de mágica, pensei firmemente no meu corpo físico e imediatamente voltei para ele, na minha cama. No escuro do quarto, comecei a me interrogar sobre aquela viagem. Não tive resposta. Minha memória demorou a se desgarrar daquele lugar, daquelas imagens, como se elas tivessem uma espécie de cola que não desgruda facilmente. Tive que rezar, a única maneira de interferir na memória e comandar que ela voltasse para o momento presente. Puxei, mentalmente, a imagem de Maria, mãe de Jesus, e a projetei nas imagens que me cercavam no umbral. Assim, aos poucos a imagem de Maria sobrepõe qualquer outra. Em seguida, invoquei Kuan Yin, vestida de todas as armas, e pedi que me ajudasse a me livrar de qualquer entidade que estivesse oculta naquele momento, do meu tempo, trabalhando para me segurar no umbral.
Quando a imagem de Kuan Yin se projetou na minha mente, entrei no corpo dela e me fortaleci ao mesmo tempo em que co-criei o pensamento positivo que ela emana. Assim, a imagem do umbral se diluiu rapidamente. Aos poucos, a sensação de voltar a dormir se fez presente e dormi. Na noite anterior, deitei-me por volta das 23 horas e pratiquei o ritual de todas as noites. Sentado, rezei, invoquei meus mentores e me coloquei à disposição do meu corpo físico para dormir. Mas, o sono não veio. Meus ouvidos começaram a vibrar e um ruído estranho se fez mais forte. De repente, uma entidade enorme, negra, se projetou bem na minha frente, de forma que o corpo dela ia e vinha na minha mente. Quando vinha, ficava bem próxima ao meu rosto. Não me assustei. Invoquei todos os mentores espirituais socorristas e projetei a imagem deles, com as duas mãos, na direção daquela entidade. Nesses momentos, toda calma é pouca. Temos que tratar aquele tipo de entidade com cuidado, sem medo e com compaixão. Não houve comunicação verbal nem em linguagem mental entre nós. Ela só conseguia projetar sua imagem. Ela se vestia com um grosso véu energético escuro, como sacos de estopas, como se não tivesse permissão para se manifestar sem aquela vestimenta energética. O universo astral respeita o livre-arbítrio de todas as entidades espirituais (e a nossa também). Não perguntei quem era e nem travei qualquer tentativa de diálogo. Elas só precisam de um milésimo de segundo de conexão para entrar na nossa mente. Tentar expulsar seria como catucar uma cobra com pau curto. Calmamente, projetei nomes sagrados, enquanto ela se contorcia na própria vestimenta. Era como uma daquelas ligações telefônicas de números suspeitos onde você apenas repete: engano, engano, engano. Pude ver, claramente, sua dentadura irregular, saindo pela boca, e seu olhos que não se fixavam, como se ela não conseguisse projetar seus olhos em mim.
Não compreendi e nem desejei compreender qual era a missão daquela entidade. Estamos todos vulneráveis a tudo e a qualquer momento, dormindo ou acordado. A nossa força tem que vir do coração e da mente, não da boca pra fora.
Sei que desde o início da pandemia da Covid-19 o universo astral da terra está muito contaminado de energia desqualificada, pesada, de ódio, de guerra, especialmente sobre o Brasil. As entidades do outro lado da luz tentam nos doutrinar, nos arregimentar, nos envolver em seus princípios, nos tornar soldados da escuridão da noite. Há uma multidão de eternos ressentidos incorporados, vivendo na superfície, em todos os níveis sociais, especialmente aqueles próximos aos meios de comunicação e na política, provocando todo tipo de violência física, mental, emocional e espiritual. Quase todos os dias a imprensa mostra políticos, eleitos pelo povo, tentando passar mensagens nazistas diretamente do Congresso Nacional — e uma multidão de seguidores defendendo eles. Pela tv, vemos o povo de Israel resistindo e protestando contra o atual Estado de Israel governado pela extrema direita, quem diria, aquela que levou Hitler ao poder e, consequentemente, o holocausto judeu e de milhares de cristãos, ciganos, artistas, homossexuais de todos os níveis sociais. Nunca tivemos tantas guerras, fome, desastres naturais e espíritos perversos encarnados e ocupando postos-chaves no poder, em todos os países.
Nesse cenário, há o favorecimento de aparecimento de entidades do outro lado da luz e de saídas involuntárias de pessoas mais sensíveis para ambientes astrais negativos e de umbral. Quem não for forte e não tiver a consciência voltada para a luz do Grande Sol Central pode se perder nessas saídas astrais e nos encontros com entidades daquelas vibrações energéticas. Continuamos a viver em um tempo muito difícil, onde, a cada segundo, temos que fazer escolhas: com quem interagir, onde, como e por quê. Não basta somente fazer orações decoradas e ler trechos da Bíblia ou repetir trechos empurrados por pastores e padres. É preciso saber lidar com tudo isso. Ninguém aprende sozinho. Há que se buscar ajuda de quem sabe. Mesmo quem sabe, é preciso estar conectado com a luz o tempo inteiro, quer chova quer faça sol. Muitas das práticas antigas não servem mais; o outro lado também evolui; o crime fica cada dia mais sofisticado. Muita agente boa e jovem acha que se filiar ao crime é natural. Além disso, nunca foi tão importante a gente se rodear de pessoas na mesma frequência energética, positiva, dentro e fora da família. A internet é, mais do que nunca, o pior lugar para se fazer amigos. Igrejas cheias de falações, gritos e encenações também devem ser evitadas. Aquele (a) líder religioso que só fala em cartão de crédito também deve ser largado. Aquele político que só pensa em sua própria família ou em dar golpe político deve ser esquecido. Aquele ditado segundo o qual antes só do que mal acompanhado ainda está valendo. Nunca esqueçamos que o umbral não tem luz porque há muitos lugares bem aqui, na crosta terrestre, que projetam a falta de luz do umbral. A distância entre o umbral e a crosta terrestre é um segundo de pensamento. Proteja-se! 24 de março de 2023, primavera
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