Por José Joacir dos Santos, Psicoterapeuta
Quanto mais a neurociência avança mais abre janelas para o caminho da roça, da preservação das florestas, dos rios, dos mares e de toda forma de vida. Embora alguns países gastem milhares de dólares no caminho da lua, de marte e de outros corpos estelares, a vida na terra parece necessitar, cada vez mais, de si mesma. A pandemia da Covid-19 veio para passar a peneira. O investimento deve ser aqui e agora. De que valeu o gasto de fortunas em antibióticos, cheios de contraindicações, que nada curam? Sim, houve o momento deles, mas a Covid-19 disse: chega, vocês não servem para nada! Com falsas promessas de um presidente desequilibrado, os EUA, maior produtor mundial de medicamentos sintéticos, caminha, em janeiro de 2021, para 500.000 mortos pela Covid-19, uma cifra maior que todos os óbitos daquele país na segunda guerra mundial. Mas o que o cérebro humano tem a ver com isso? Tudo! O bom funcionamento do cérebro depende do meio ambiente em que o indivíduo vive, seja físico, mental, emocional ou espiritual. As questões políticas afetam profundamente cada indivíduo, mesmo negando. Já se foi o tempo em que pensávamos que os outros seriam afetados e estaríamos salvos.
Pouca gente há de se lembrar da campanha do ódio instalada no Brasil antes da copa do mundo de 2014, que continuou nas olimpíadas e culminou com o afastamento da presidenta Dilma, em 31 de agosto de 2016, chamado por alguns de golpe do senado. A euforia do ódio elegeu o presidente Bolsonaro. Menos de dois anos de governo Bolsonaro, o país enterra seus mais de 200.000 mortos pela Covid-19, negada por aquele presidente, com forte apoio de seus eleitores. Se uma morte é capaz de provocar grande processo de luto, tristeza e desequilíbrio nas pessoas próximas de quem falece, imagine 200.000 (dezembro/2020). Se cada um dos falecidos tiver deixado pelo menos uma pessoa da família viva, a dor emocional dessa pessoa vai entrar em contato com muitas outras todos os dias. Se duas dessas daquelas pessoas fossem encaminhadas para terapia, seriam necessários 100.000 terapeutas. Mesmo que a população finja que nada está acontecendo, o resultado emocional dessa tragédia vai aparecer e bater na porta de cada um de nós. A própria pandemia é o resultado do ódio enviado ao espaço cósmico, para o inconsciente coletivo. Tudo que existe na terra se projeta no céu e vice-versa.
O país poderia estar enfrentando essa pandemia de outra maneira, mais suave, consciente e menos sofrida. Sim, um presidente pode decidir de que lado da emoção seu povo deve desfrutar: construtivo ou destrutivo. O lado escolhido foi o destrutivo. A emoção destrutiva já está colhendo seus pesados e tristes frutos: óbitos. O embrião desse desequilíbrio já está crescendo como uma bola de neve que continua a rolar de ladeira abaixo. O profundo processo de negação que o país passa pode ser equivalente a uma bolha que cresce e que caminha para explodir. Sim, aqueles que promovem as festas clandestinas no meio da pandemia vão ter seus dividendos. Pena que não podemos segui-los de perto para comprovar. Não é isso o que desejamos para ninguém, mas estamos impotentes. Não importa, a gente sabe que a lei do retorno é infalível e não chega a ser uma praga. O cérebro tolera a negação, mas não a ignora. A emoção do ser humano começa no embrião, no feto, e sua programação emocional é infalível para o resto da vida. Nada se perde, tudo só se transforma, diz a lei.
A ciência repete que o cérebro humano não é um músculo, mas o órgão precisa ser exercitado para permanecer em forma. Sem fazer julgamento sobre o tipo de excitamento de que é alimentado, o cérebro processa tudo o que o proprietário ativar. A energia é invisível. O alimento principal do cérebro é a emoção. A pessoa que é bem racional, que mede, calcula e pesa tudo pode parecer uma fortaleza em certos momentos. Se esse indivíduo é carregado com ódio, todas as forças se sintonizam nessa energia serão ativadas e assim sucessivamente. Como tudo na vida tem dois lados, o lado fraco desse indivíduo racional é a dificuldade de ligar com a parte humana, doce, frágil, da vida, o próximo. É capaz de querer processar o médico porque a pessoa de sua família faleceu. Sim, aquela que nem usava máscara porque achava que o vírus matava os outros. E por isso se achava no direito de ir e vir para onde desejasse porque negava que havia um mundo invisível, bem ativo, que abriga de espíritos a vírus.
O cérebro pode ser puxado até seus limites mais profundos, mas, como tudo na vida, tem limites. Podemos forçá-lo, trabalhar duro, suportar pressões, aguentar governo infelizes e destrutivos, mas chega o momento em que o indivíduo não consegue mais ver as coisas com clareza, não consegue mais raciocinar, não consegue mais suportar. Quando o cansaço toma conta, o cérebro precisa de descanso, distração, não ser forçado a pensar, boiar com um corpo na água. A ciência já sabe, e cada vez mais avança nesse sentido, que o cérebro precisa de cores, movimento, diferença de paisagem, espaço, sentir o vento, a brisa, o calor do sol, o canto dos pássaros, o olhar do outro ser humano que está na nossa frente.
A depressão é a doença de maior ocorrência nos países onde o inverno é intenso, como na Europa. A principal causa é a pressão continuada do frio sobre a pele, a paisagem descolorida, a sensação de que tudo é igual e não vai mudar. O vento frio sopra sem parar. A pele, como principal sensor do organismo humano, transmite a mensagem de tudo o que sente ao cérebro. A informação de frio, isto é, de perigo, transforma-se no cérebro em grande preocupação. Sim, espiritualmente sabemos que a morte física não é o fim da jornada humana, mas o cérebro sabe que o perigo repetido do inverno pode causar a morte física. Como o cérebro não julga, a ameaça é intensa. Sob ameaça intensa, a imunidade desmorona.
Por mais ignorante que seja o ser humano, não tem quem não conheça o estresse de ter que decorar textos, varar madrugadas estudando, pensando, raciocinando, juntando conhecimento para se expor a exames escolares e às mais variadas formas de trabalho. Quem não perde o sono pensando numa decisão forte e importante que tem que tomar no dia seguinte? Sim, o cérebro cansa. Precisa do descanso, das paisagens, das águas, das montanhas, do verde da floresta. Em 2020, o simples fato das repetidas aparições do presidente dos Estados Unidos em todos os jornais televisivos do mundo causava cansaço físico, irritação, a sensação de perigo e o desejo que algo de bom acontecesse para o cérebro descansar. Ao longo de 2020, aquele presidente bloqueou o seu país, brigou com a comunidade internacional, prendeu crianças, separou famílias, criou muros, fortaleceu gangues e grupos extremos, negou a pandemia e não foi capaz de criar um plano de vacinação coletiva de seus compatriotas. No meio da pandemia, ele teve a coragem de brigar com o principal responsável pela fabricação de vacinas, a China.
Sim, somos nós quem mandamos no mundo. Nossas ações provocam reações. Como se não bastasse as questões emocionais individuais que enfrentamos todos os dias, ninguém tem a fórmula de parar uma reação emocional coletiva gerada por um líder político. É preciso que cada indivíduo leve a sério o bombardeio emocional que chega a nossos lares todos os dias pela tv, pelo celular, pelas grupos sociais. O estresse causado por esse bombardeio provoca a queda da imunidade. Há pequenas medidas que podem ser tomadas: desconectar a tv, não responder aos posters das redes sociais, não apoiar grupos extremistas, cuja ambição só serve a eles mesmos, descansar o cérebro. Ter hora para trabalhar, parar de trabalhar, relaxar, se divertir, esvaziar a pressão, venha de onde ela for. Cuidar de si mesmo é uma obrigação de todo ser humano. Há pessoas que precisam aprender a se cuidar para se curar. Aquelas 200.000 que foram a óbito com a Covid-19 estão fora do páreo. Agora o renascer é do outro lado. Agora elas não terão mais um cérebro físico para pensar e tomar decisões pouco racionais ou racional demais. Tudo o que foi adiado na vida foi perdido. Todas as decisões erradas se perderam no tempo. Tudo o que foi subestimado agora não faz mais sentido. A morte não é o fim da jornada, mas é a libertação dos limites do corpo. Agora a pressão é a própria história do indivíduo, frente a frente consigo mesmo, sem mais tempo para negar e prorrogar. O juízo final é individual e está dentro de cada um de nós. Pena que muita gente só descobre isso quando percebe que não precisa mais dos pulmões par respirar…
Não é fácil nem todo mundo tem a capacidade de ver com clareza a realidade da vida que está bem aqui na frente do nariz. Felizmente, quase que bate na nossa porta a possibilidade de vacina contra a Covid-19 e as suas dezenas de variações, que continuarão a surgir por muitos e muitos anos. Neste momento, o cérebro pode ser um grande aliado, embora o gado vá continuar no pasto. Nada contra gado nem pasto, desde que não tome decisões equivocadas em meu santo nome. Vacinas são um direito universal, mas vacas precisam ser forçadas a se vacinar, embora também tenha cérebro. O que falta no cérebro delas é um segredo universal dos seres que criaram o planeta, mas sabiam do destino do gado. O sol agora entra forte, lindo, dourado, consistente pela janela. Eu e você entendemos a mensagem, mas muita gente não a compreende. Por isso, a vacina é muito importante e urgente. 22/01/2021