Há muitas maneiras de falar de amor. Por mais que a gente queira não fazer referência a todos os quadrantes da nossa vida, é impossível porque o cérebro joga uma série de imagens na tela mental, do nascimento ao dia de hoje. É natural. A nossa programação humana está cheia de memórias de amor, carregadas de emoção – boas e não boas, que as vezes fazem diferença se você mudar de foco. Muito recentemente, o foco dessa discursão mudou. As exigências das leis do amor aumentaram. Agora, não é suficiente amar. É preciso retirar de todas as cláusulas contratuais as condições para amar e preencher o espaço com uma única palavra: incondicional. Se amar à moda antiga era complicado, amar incondicionalmente é um desafio possível, que se tornou um ingresso para o espetáculo da Nova Era.
Amar esteve muito condicionado na história humana, principalmente quando isso significava a existência de outra pessoa. As sociedades sempre entenderam que isso também significava atrelar a posse, propriedade, direito e dever que só a morte, e em muitos casos nem ela, resolveria. Sim, o amor jamais conseguiu se desatrelar de sexo, poder, controle, submissão, sofrimento e dor. Amor era carnal, agora é espiritual. Na verdade, essa confusão só existe porque as sociedades nunca se preocuparam em adicionar essa matéria ao currículo das escolas. Será que algum dia vai? Por isso, temos que aprender a amar por nós mesmos, aos troncos e barrancos. Como o Universo está em constante renovação, amar à moda antiga não funciona mais. Tudo muda a cada milésimo de segundo, mas nem todo mundo percebe. Essa leseira que cobre parte da população terrestre é um grande bloqueio no desenvolvimento coletivo. O novo amor é incondicional. Para chegar a essa condição, o pré-requisito é o perdão. Êta complicação! Perdoar nunca foi fácil, e a gente acabava esquecendo fatos e pessoas envolvidos, deixando prá lá. A nova ordem diz o contrário, você tem que enfrentar fatos, coisas, pessoas e principalmente você mesmo. O perdão começa aqui dentro do meu coração, de mim para comigo mesmo. Do contrário, a chama não se expande e você não consegue atingir as outras pessoas, coisas e situações.
É muito interessante ver como as programações emocionais e mentais atuam no nosso ser. Enquanto escrevo este texto, em um computador americano, ele insiste em corrigir as palavras para inglês, sublinhando tudo que escrevi como se estivesse errado. Eu vou e corrijo. Ele volta a palavra à forma anterior. Há a preocupação de manter a programação original da sua identidade e para isso resiste no que pode às minhas correções e à língua diferente em que o texto está sendo escrito. Todos os treinamentos de mudança de comportamento são dessa mesma forma. A mente resiste e diz a você que a sua nova decisão não cabe, porque a célula já se acostumou ao sofirmento, à raiva, ao ódio, às doenças emocionais etc. Se for preciso, as células morrem defendendo sua programação original. Para isso ativa os cinco sentidos na esperança que um deles funcione e você desista de mudar de corportamento. É como rezar na cama. Você começa e de repente vem as contas de luz, telefone, o que fulano falou etc. Para quem toma café, é como passar na calçada de uma cafeteria com pressa na hora em que eles estão fazendo novo cafezinho… Huuuuuuuuummmm.
Você começa a pensar em perdão e vem aquela lista de pessoas que passaram na sua vida ou ainda estão presentes e que você gostaria de jogar um vaso cheio de plantas na cabeça de todas elas. Daqueles bem pesados, de barro! Como perdoar Luciano, aquele demônio encarnado e todas as maldades que ele tentou fazer? E Lúcia, aquela jararaca mentirosa, falsificadora, levantadora de falsos e cheia de intrigas? E aquele velhinho chinês com aparência inocente que levou minha bolsa com todos os meus documentos? E aquela companhia de tv a cabo que não quer respeitar o meu direito de cancelar a assinatura? E os teleatendentes, impessoais, sim senhor, senhor? O pior dessa história toda são aquelas pessoas que você já esqueceu mas elas ainda se lembram de você. Na imagem mental delas, eu ainda tenho cabelo, embora na vida real sou quase careca. Mesmo assim há a ligação e você não poderá ignorá-la na hora do dever de casa.
Vençamos, então, a insistência da memória celular e vamos falar de perdão. A chave dessa porta é simples: você precisa reconhecer em você mesmo a imagem de Deus. Se você, a essa altura da evolução humana, ainda diz que não acredita em Deus, é problema seu. Por favor não venha bater na minha porta depois da morte, por que já esgotaram as senhas. A gente tem que ter um nome para a origem das coisas e todas as culturas concordam que esse nome é Deus. Reconhecido isso, agora você redireciona o foco a sua vida para esse ser que mora em você. Sim, mora, porque quando você morre, dá as costas, o povo lhe enterra e devolve à Terra o que lhe foi emprestado pelo universo. Sim, esse corpinho que você ocupa não lhe pretence, baby! Olhe o contrato! Seja honesto!. Então, não tem outro jeito… Você precisa voltar todas as atenções para o ser que você é e presenteá-lo com uma prática simples: perdão. Não interessa quão cabeludas são as bobagens que você cometeu, por ignorância, displiscência ou seja lá qual motivo. Qualquer coisa que vier a sua cabeça é passível de perdão e você pode desatar esse nó lutando contra a programação celular até ela entender que você perdoa mesmo. Essa prática não só vai melhorar a sua qualidade de vida aqui e agora, mas, também, se houver vida após a morte, você estará quitado – eu não tenho dúvidas de que a vida continua.
Frases e palavras ditas ao vento, mesmo sem querer, ficam na memória como chiclete no cabelo. Veja algumas: você não vale nada!; não me toque; desapareça; você é a miséria da minha vida; antes você não tivesse nascido; você é burro; feio; tem aquilo pequeno demais; etc. Olhando para trás frases e palavras, demônios e jararacas não têm mais a menor importância na minha vida porque eu perdoei a todos. Se eles ainda se penduram na corda do ódio é problema deles. É incrível! O efeito do perdão é como solvete de graviola no verão. O mundo ao redor parece o mesmo mas a sua boca transmite informações para todo o seu corpo dizendo que a vida é bela e gostosa. É importante lembrar que o que Maria pensa ou diz a meu respeito é o que está na cabeça dela, mesmo que ela durma comigo jamais vai saber o que eu realmente sou. Mas, mesmo sabendo disso, você dá ouvido às palavras e, graças a isso, o mundo é tão atrasado ainda.
Desde a minha tenra infância, lutei muito contra o que os outros diziam de mim. Meus pais tinham projetos que nunca se encaixariam em mim porque as vezes os pais querem concretizar nos filhos os projetos que eles nunca tentaram ou fracassaram ao tentar. Amigos, vizinhos, colegas de escola, de trabalho, todos tentam que você seja o que eles pensam de você e quase sempre esses pensamentos estão equivocados. Claro que a gente precisa de conselhos e dos comentários das pessoas. A diferença é que esses conselhos e comentários só ajudam quando é você quem os solicita para poder compará-los com o que você já arquitetou na cabeça. Aos quarenta anos, quando decidi voltar à universidade, várias pessoas perderam o seu tempo tentando me convencer que eu não precisava mais estudar. Voltei à universidade e foi a melhor decisão da minha vida! Por que não sentar lado a lado com pessoas com a metade da sua idade? Se eles se sentirem mal, é problema deles! Já sabia que estudar rejuvenesce mas não tinha provas e agora olho para o meu rosto e não vejo rugas. Sei que existem pessoas que já nascem com a direção errada, até por questões cármicas. Essas pessoas precisam ser guiadas sim. Os pais devem usar de todos os esforços para colocá-las no caminho da luz e do amor. No meu caso, dos nove anos em diante assumi a escola como uma extensão do meu ser.
Então, o que fazer? Você não precisa ligar para cada uma das pessoas da sua lista para pedir perdão. Faça uma lista de coisas que você lembra, aquelas que você nunca teve coragem de dizer a ninguém. Algumas delas você vai dizer que fez por ignorância, sem querer. Outra você vai dizer que fez com vontade. Outras, ainda, você vai dizer que naquele tempo as coisas eram assim e que você não tinha saída. Mas, para todas elas você vai pedir perdão e perdoar. Faça isso sozinho, nos seus momentos de oração. Fiz a minha parte olhando para o Sol poente. Você vai a um lugar que possa ver o Sol poente, reza, e chama pelo nome daquelas que você lembra. Acabando a lista, inclua “aquelas que eu não lembro o nome”. Deixe que elas fiquem mentalmente na sua frente, de costas para o Sol. Peça perdão a você mesmo por tudo o que você compreende e tudo o que não compreende. Peça perdão a todas aquelas pessoas que você lembra e a todas as que não lembra de ter falado mal, pensado mal, feito alguma maldade, desde a infância. Se há casos fortes e bem expressivos, demore mais na conversa mental com a pessoa. Deixe-se chorar se necessitar, mas não perca o rumo desse momento de renascimento. Visualize todos os carimbos, faixas, títulos, intertítulos, legendas, e tudo o que você percebeu que lhe colocaram ao longo da vida, perdendo força e sendo derretidos pelo Sol na sua frente. Diga a você mesmo que deixa ali todos os laços negativos envolvendo todas as pessoas da sua vida. Ao final, faça uma oração e, literalmente, diga adeus a todos elas. Peça que o Sol ilumine as suas vidas para sempre e repita adeus, adeus, adeus. Rasgue suas listas e jogue os papéis para cima para que o vento os leve. Quem mora em Brasília, vá até a Ermida de Dom Bosco, aquele lugar mágico, onde passa um dos eixos da Terra. Onde você mora sempre há um lugar mágico e você o conhece. O mais importante é você deixar o local dizendo a seu ser que aquilo tudo foi feito, para sempre. Não adianta ir para casa remoendo coisas. É para deixar que o Sol liberte e transmute tudo, como fizeram os egípcios antigos, os maias, os incas, os tibetanos. Se mais tarde você encontrar uma das pessoas envolvidas ou lembrar de alguma coisa, imediatamente diga: eu já resolvi isso com o perdão. Se a pessoa quizer ainda falar, você repete: já perdoei. Se você não fizer assim, todo o trabalho será perdido. Havendo necessidade, repita essa prática quantas vezes desejar. Lembre-se que o Sol vai se pôr e com a escuridão da noite tudo desaparecerá para sempre. jjoacir@gmail.com
Por José Joacir dos Santos