Por José Joacir dos Santos, jornalista e psicoterapeuta
Quanto mais estudo o mundo da espiritualidade, mais tenho que aprender. Quando você pensa que sabe alguma coisa, descobre que está no começo. Felizmente vivemos em um país onde há uma boa produção de literatura sobre o assunto, implantada por Kardec e sua turma, assim como a quantidade de médiuns confiáveis que se prestam a ser os comunicadores entre os mundos. Tudo contribui para facilitar o contato com o mundo dos espíritos, de diversas formas. Não somos só uma raça de seres espirituais. A nossa galáxia abriga várias delas e não tem como evitar que abriguemos a diversidade que se reflete nas sociedades de muitos países, bem na frente do nosso nariz.
Só fica no beabá das bíblias mal traduzidas quem faz essa opção. Mas muita gente boa sabe o que está fazendo quando condena populações inteiras a conceitos atrasados e equivocados do cristianismo. E por isso, só temos que lamentar. O Mestre Jesus nos deu essa lição quando saiu de sua linha equilibrada e derrubou bancas de vendedores de objetos na porta de um templo. Os evangélicos pouco estudados olham para aquele momento e dizem que Jesus fez aquilo porque comerciantes estavam vendendo imagens e objetos que não tem a ver com deus. Até hoje alguns evangélicos morrem de medo de imagens e querem quebrar todas elas como quem quebra sua própria imagem
O que eles esquecem, por falta de estudo, é que aquela era a prática de centenas de anos. Todas as vias centrais das cidades judias tinham uma feirinha em frente ou próxima às sinagogas. As doze tribos judias que vieram com Moisés da escravidão eram diversificadas, multiculturais, mesclavam conhecimento e objetos de oração e devoção. Por isso que o Moisés não conseguiu uni-las. Quando a política entra no assunto de religião só atrapalha e isso já sabemos desde aquela época. Quem sou eu para fazer juízo de um santinho que um devoto carrega no bolso?
Aquele povo não via a feirinha como algo que diminuía a fé no deus que eles acreditavam, nem da forma que acreditavam. Hoje sabemos que deus se manifesta de diversas maneiras. Qual é a diferença entre rezar sentado ou em pé? O que Jesus fez foi chamar a atenção daquele povo para um novo tempo que ele representava, onde a mente falaria mais alto que o mundo material que a feirinha vendia. Mas Jesus não quebrou as panelas de sua família quando soube que outras civilizações usavam panelas que não eram de argila. Mesmo assim, as igrejas mantêm, ainda hoje, o hábito de sacar todo o dinheiro que os fiéis desesperados possam depositar em seus cofres. Isto é, não aprenderam a lição do Mestre. Compram propriedades pelo país inteiro, mas ninguém ver um hospital mantido por eles.
Pastores evangélicos anglicanos e de outras denominações nos Estados Unidos e Inglaterra apontam para muito mais equívocos morais. Mas, a indústria da religião estadunidense (que alimenta os evangélicos no Brasil) não permite que eles abram os olhos e vejam. Lá, as milhares de igrejas estão vazias. Algumas estão abrindo porque alguns idosos cumprem o que prometeram. Mas a juventude não aparece. Pastores já são importados por igrejas dos EUA, inclusive brasileiros. Linguagem desatualizada e interpretação dos castigos de deus não fazem mais sucesso. No Brasil, alguns centros espíritas kardecistas também contam seus frequentadores exatamente pelo mesmo motivo: linguagem antiga, aquela que diz que o outro lado da vida é muito melhor que aqui, contribuindo para desequilibrar o foco de pessoas com menos força mental para tomar conta de si mesmas.
Espiritualistas que continuam a seguir Kardec, com todo o respeito por Chico Xavier e centenas de outros trabalhadores, mas que abriram alguma janela para ver o que existe de novo, sabem que tudo evolui, tanto na terra quanto no céu. O mais jovem tem sempre a oportunidade de ver o que o mais velho não consegue ver. A terra, em parceria com a imensa quantidade de dimensões próxima da crosta, é o grande palco para a evolução. Do outro lado, o choque do retorno pode paralisar espíritos por séculos, enquanto legiões de seres espirituais travam lutas eternas pela prevalescência da luz, propiciando ferramentas e condições para o crescimento de milhares de seres que povoam não só a terra, mas toda a galáxia. Lavagens cerebrais cristãs podem atrasar o mundo espiritual e favorecer que inúmeros espíritos fiquem presos aos túmulos esperando o dia do juízo (que acreditam).
Talvez chegue o momento de que os espíritas comecem a revisar certos conceitos de moral criados por igrejas cristãs (católica e evangélica). Sim, chama-se moral, por não ter outra palavra melhor, todo o processo de renovação mental que encarnados e desencarnados precisa trabalhar para evoluir na luz. O que é parte da moral para mim pode não ser a mesma coisa para um indígena da Amazônia. Então, as questões morais são relativas e podem contribuir negativamente.
Muita gente ficou indignada com a população brasileira que preferiu ir para a rua se contaminar e sacar 600 reais prometidos pelo governo, em pleno auge da pandemia do Covid-19. Eles fizeram enormes filas, juntinhos uns dos outros, se contaminando da mesma forma que o fizeram os que foram a São Paulo para o carnaval de 2020. Até bem antes da pandemia, eu também pensava que a quantidade de pessoas pouco esclarecida no país era pequena. E esse equívoco acabou de vez quando vi, em plena pandemia, outras filas: brasileiros querendo tirar registro de nascimento pela primeira vez na vida – cheio de filhos já adultos, apelidados de invisíveis, que nunca foram à escola.
Alguns ainda seguem dizendo que todos os que desencarnam são socorridos como os prefeitos brasileiros falam mais de vaga nas UTI do que na prevenção da pandemia. Se servir de conforto, no mundo espiritual tem muitos seres que adorariam pegar os 600 reais a qualquer custo. Nas minhas saídas do corpo físico, ainda visito camadas densas chamadas de umbrais. Ainda sou perseguido por seres que mantém padrões mentais criminosos, embora tenham desencarnado há centenas de anos. Ainda não consigo me esconder para não ser atacado, inclusive sexualmente.
Há dois deles que devem morar em uma esfera muito próxima do meu local de saída do corpo porque estão sempre me perseguindo para roubar, como se a densidade do meu corpo etéreo, em viagem astral, lhes desse a impressão de que ainda são os mesmos ladrões que um dia foram. Querem roubar o que brilha de material e se reflete no corpo astral, como uma corrente de ouro no meu pescoço ou querem me tatear para ver se carrego comigo a carteira de dinheiro. Ainda acordo com sinais de lutas corporais e tenho na mente, nitidamente, cada detalhe das lutas. Alguns deles estão nas ruas bem próximas dos lugares mais antigos das cidades, e sequer sabem que não são visíveis. Mas, conseguem ver nitidamente quem está em viagem astral. Os locais onde moramos podem ser facilitadores de abrigo daqueles que não querem abraçar a evolução e o caminho de luz. Eles existem em quantidades muito maiores do que os atuais sem teto das grandes cidades.
Da mesma forma que mosquitos correm para lâmpadas que se acendem na escuridão, espíritos perdidos correm para quem está em viagem astral porque nesse estado o nosso corpo etéreo apresenta certa luminosidade visível a seus olhos. Leia meu livro “Abuso Sexual Espiritual e Real”.
Aqueles dois poderiam ser inimigos de outras vidas? Sim, mas, mesmo assim, seriam aqueles que se negam a aceitar o perdão como moeda de amortização de possíveis dívidas materiais e espirituais, que podem ser unilaterais. Pedir perdão e perdoar é uma das práticas que mais aprecio e executo, quase que diariamente, extensiva a todas as encarnações e reencarnações desde o primeiro dia em que meu espírito desabrochou para a vida eterna. Todos os dias rezo e executo outras práticas sempre com o objetivo de conversar, perdoar, pedir perdão e pacificar, mas parece que a gente precisa fazer isso continuamente até o último suspiro daquele dia marcado, se tivermos a sorte de ir no dia marcado e não por uma pandemia acidental. É como dirigir nas ruas pensando nos malucos ao volante.
Os chamados pretos velhos sabem como lidar com a ignorância espiritual de muitos de nós. Mas muita gente boa é enganada por espíritos de índole criminosa em seus trabalhos espirituais. Eles sabem se disfarçar de nomes conhecidos de entidades para conseguir o que querem dos médiuns acomodados que não estudam e que até certo ponto querem também se aproveitar dos espíritos, em um ciclo vicioso interminável. O leitor vai ver no meu livro Abuso Sexual Espiritual é Real que a obsessão é uma moeda de dois lados. Veja no livro citado acima as diferentes formas de obsessão.
Segundo notícias governamentais, muitos daqueles que correram para pegar os 600 reais em plena pandemia eram criminosos, presidiários, militares e até políticos que se aproveitaram do desespero de outras pessoas realmente necessitadas, honestas (inocentes ou irresponsáveis?) e credenciadas nos devidos cadastros do governo. Aproveitaram das falhas daqueles cadastros, de certa forma abandonados, desatualizados e pouco eficientes antes da pandemia do Covid-19. Por quantos anos o Ministério da Saúde esqueceu completamente de inspecionar e equipar os hospitais públicos do país inteiro? O Estado do Amazonas, inteiro, só tem uma UTI, localizada em Manaus. E os governantes nunca souberam disso ou ficaram calados porque a miséria rende votos? Com a pandemia, ficamos surpresos ao ver que nem sempre quem chega ao topo do prestígio político tem a sabedoria para conduzir o poder concedido pelas urnas.
Aquele ditado milenar de que assim na terra como no céu continuará válido por mais alguns milhares de anos e isso cobra de cada um de nós uma postura nova, a cada dia, pelo menos enquanto a terra for o centro de treinamento para a evolução humana. Cabe a cada de nós se deixar flexibilizar. Abrir as portas da tolerância para aprender com aquilo que nos incomoda e parece diferente. A graduação parece começar no dia em que a gente recebe o diploma.