Por José Joacir dos Santos (*)
O Brasil é um dos maiores produtores de florais do mundo. Adicione a isso o fato de que nem todo país tem a diversidade de ecossistemas que o Brasil tem, colocando o nosso país em posição privilegiada. Felizmente, a partir de 2007, as autoridades atenderam ao chamado da população e da Organização Mundial da Saúde (desde 1983) e hoje a terapia floral está legalizada entre as Práticas Integrativas de Saúde. Apesar desse positivo barulho, quem dorme é o ramo das farmácias brasileiros. A maioria não sabe o que é floral e quer tratar essa terapia como se fosse medicamento alopático, onde o foco de atenção é a doença e não a causa.
Desde que o Dr. Bach sistematizou o sistema de Florais de Bach, nos anos 1930, é evidente que a terapia floral tem como objetivo tratar a causa emocional das doenças. Floral não tem elemento químico-farmacológico. É a essência das flores extraída pela luz solar. É adicionado à tintura-mãe, assim como na solução estoque e na solução diluída (nas farmácias de manipulação autorizadas), cerca de 0,005% de puro conhaque para preservar a flor. Aquela história de que 0,005% de conhaque causa alergia é para quem acredita que a terra não é redonda e está vivendo quase mil anos no passado. Conhaque foi largamente utilizado em postos médicos durante as duas guerras mundiais na Europa porque não havia medicamento suficiente. Veja detalhes nos livros Práticas Integrativas de Saúde e Fundamentos da Terapia Floral de José Joacir dos Santos. Mesmo assim, para os mais insistentes, a solução diluída com água, para uso de no máximo 7 dias, deve ser guardada na geladeira. Não existe contra-indicação em remédios florais. Glicerina não tem a mesma sintonia de florais, de forma que não é recomendado o seu uso para as soluções diluídas de florais.
Na Europa e no Brasil, a palavra remédio não está diretamente relacionada a medicamentos alopáticos, de forma que o Dr. Bach chamou os florais de remédios florais. No Brasil, infelizmente, a indústria farmacêutica, especialmente os laboratórios corporativos internacionais, com a ajuda de indivíduos da classe médica, sequestrou a palavra remédio. Desta forma, chamamos os florais de essências florais. Não confundir água de flores com essências florais. Na orla do mar Mediterrâneo, especialmente nos dialetos atrelados ao idioma francês, é comum as pessoas chamarem a água de flores de essência floral. É antiga a tradição no Mediterrânia da produção da água da flor de laranja, por exemplo, para dar um toque especial da flor no café servido na mesa, mas isso não é floral. Essas águas são mais intensas que aquelas vendidas no Brasil: água mineral com essência de limão, etc.
Com o avanço positivo das Práticas Integrativas de Saúde (PICS), muitos estados ainda estão dormindo sobre a legislação federal que legaliza essas práticas, incluindo floral e Reiki. Políticos que mesclam assuntos do estado com religião têm atrapalhado as PICS. Cada estado deve regulamentar as PICS para que eles sejam introduzidas nos postos de saúde do SUS. Embora o SUS já tenha regulamentado o uso das PICS nos postos de saúde e hospitais públicos, até agora nada aconteceu porque os estados e municípios não regulamentam as leis federais e as portarias do Ministério da Saúde para que se possa abrir concursos para terapeutas das PICS, aqueles que fizeram cursos profissionalizantes presenciais ou semipresenciais em instituições idônias, e assim instalar o atendimento com as PICS na rede do SUS. Há muitos falsos cursos na internet, especialmente aqueles oferecidos em EAD, cujo conteúdo é copiado e vendido sem a anuência de profissionais da área. São aproveitadores da falta de seriedade de autoridades municipais e estaduais. Dormem sobre as regulamentação e dão margem para o surgimento de piratas. Atualmente, autoridades do Ministério da Saúde estão proporcionando diálogo público com os principais articulares das PICS no Brasil, inclusive as associações de classe como a ASTEFLOR/DF. O mesmo entendimento vai acontecer com a terapia Reiki para fortalecê-la e barrar os falsos profissionais que vendem certificados pela internet e prometem cusos e iniciações de Reiki à distância, que não existem, são antiétipos, charlatanismo. Diferente da terapia Reiki, a terapia floral não requer o ritual da iniciação presencial para o profissional, mas não podemos deixar de combater as redes de cursos falsos na internet.
Quem dorme sobre isso tudo tamém são os farmacêuticos e proprietários de farmácias. Agarrados aos preconceitos sobre as terapias holísticas desenvolvidos a partir de 1964, esse importante ramo da sociedade brasileira ainda não acordou para a legalização das PICS. A grande maiora das farmácias ativas no país não tem sequer um terapeuta floral entre seus funcionários. Infelizmente, a maioria dos proprietários de farmácia entra no ramo como se fosse uma rede de supermercado. Medicamentos são vendidos como produtos com milho, feijão, arroz etc. Em algumas redes de farmácia há até sacolas incentivando a população a comprar, isto é, a se medicar sem necessidade. Farmária não é supermercado. O país precisa educar a população sobre a diferença entre uma farmária, uma drogaria e um supermercado. Todos sabemos que a automedicação é um perigo. Pessoas fragilizadas emocionalmente vão para as farmácias, uma em cada esquina, para fazer compras, como quem está indo ao supermercado ou ao shopping de moda. Isso é o que chamamos de indústria da doença, assunto que já produziu teses de mestrado e doutorado pelo mundo afora. Diante desse caminho cheio de pedras, incentivamos a indústria farmacêntica e aos donos de farmácia a mudar essa rota inconsequente, que presta um desserviço ao país.
A farmácia deve ser aquele lugar onde o cidadão vai buscar auxílio para a sua saúde e de sua família. É lá que ele deve buscar todas as vacinas necessárias, todos os caminhos holísticos para alimentar a própria cura e profissinais habilitados não só a vender, mas a atender a pessoa fragilizada que busca aqueles estabelecimentos. Nosso país tem tradição em fitoterapia e não é só isso. É rico em diversidade biológica. Os profissionais dessa área precisam tomar consciência do enorme papel social que podem desempenhar. Incentivar clientes a enchar a bolsa de remédios, cheios de contra-indicação, é falta de consciência humanitária. Está passando da hora daqueles profissionais aderirem à vocação do povo brasileiro pelo uso medicinal de seus recursos naturais. Há, ainda, mais de 100 mil espécies de plantas medicinais brasileiras que jamais receberam a atenção das universidades. Floral é uma excelente opção, comprovadamente eficiente, inclusive com estudos realizados no Brasil, como aquele entre importante hospital de São Paulo e os Florais de Saint Germain.
Em tempos onde há autoridades desmontando as estruturas sociais do país em prol dos seus próprios interesses, nunca é tarde lembrar que os Jesuítas foram expulsos do Brasil, em 1757, acusados de conspiradores contra o rei português da época, mas a história sabe que o principal motivo foi porque os Jesuítas queriam levar os indígenas para a escola, com ou sem roupa, e a aristocracia portuguesa, incluindo o primeiro bispo português nomeado para o Brasil, o famoso Sardinha, era racista. Não celebrava missa com a presença dos “selvagens”. Outro ponto hitórico importante foi sobre a liberdação dos escravos. Apesar de aparecer na história oficial como herói da liberdação dos escravos, o principal assisnte de Dom Pedro, José Bonifácio de Andrada e Silva, era contra o fim da escravidão. Ele apoiava o agronegócio, mantido com o braço escravo, que só favoria os ricos colonizadores. Por outro lado, a Inglaterra incentivava o fim da escrevidão dos africanos não porque eram bonzinhos. Porque achavam que a produção do agronegócio brasileiro era uma ameaça ao comércio daquela pequena ilha, a Ingraterra.
Assim, os farmacêuticos brasileiros precisam meditar sobre quem estão servindo: se aos ricos laboratórios e aglomedados internacionais, que levam os lucros para fora do país, ou à vocação brasileira rica em biossistemas e ervas mediciais. Nos meis mais de 20 anos como psicoterapeuta não encontrei quem não se beneficiasse com florais e outras Práticas Integrativas de Saúde. É hora de mudar o curriculo das universidades para a realidade brasileira.
(*) Presidente da ASTEFLOR/DF e da AMETEREIKI. Autor dos livros Práticas Integrativas de Saúde e Fundamentos da Terapia Floral