Por José Joacir dos Santos (*)
Anos atrás, lá no início da minha carreira como Mestre Reiki, ficava preocupado quando via um aluno, de qualquer nível, especialmente do Mestrado, fracassar. E alguns fracassaram. Com o amadurecimento e a orientação espiritual, hoje compreendo que o fracasso não era meu nem nunca será. É o fracasso individual, de cada um. A incapacidade de reconhecer as ferramentas recebidas pela iniciação faz o indivíduo privilegiar aquilo que lhe chama para baixo, por ser mais fácil e cômodo, como o atleta que corre, está no páreo, mas seus medos lhe travam. O que me faz botar o travesseiro debaixo da cabeça e dormir a noite inteira é a certeza de que repassei ao aluno o conhecimento que acumulei e refinei ao longo dos anos, sem me preocupar com as incapacidades dele ou dela.
O que significa fracassar em termos de Terapia Reiki? No aspecto pessoal, fracassar é não utilizar a importante ferramenta que a iniciação de Reiki transfere ao iniciado. E a terapia só requer que o aluno se auto aplique. Com a auto aplicação a pessoa desperta a própria memória, gravada em todas as suas células e no DNA. É verdade que o conteúdo acumulado na sombra, naquela parte de nós mesmos onde negamos tudo ou não queremos tocar, requer uma dose alta de compaixão e de perdão, que muita gente não está disposta a exercitar. E esse exercício parece que é inesgotável: quanto mais conhecimento mas temos o que descobrir, redescobrir, fazer nova leitura. Não é fácil reler o que ficou acumulado tanto nesta vida quanto nas últimas. No plano universal, receber uma ferramenta e fracassar em utilizá-la em benefício de todos os seres viventes funciona como uma desobediência às leis universais – e isso significa compra de carma negativo.
Ao me dispor a escrever o livro “A mãe que não sabia amar” e deixar que escorressem pelo texto todas as lágrimas materializadas ou reprimidas, pude experimentar, mais uma vez e de forma intensa, o que significa tocar a sombra e a memória celular sem ter que me preocupar em agradar as pessoas envolvidas, vivas ou mortas. Quando a gente se bloqueia para agradar aos outros está cometendo o maior desserviço com nosso ser espiritual eterno. Está atrasando a própria evolução, como quem dá tiro no pé ou como quem renuncia a vida pelos outros na esperança de ser, um dia, reconhecido – as vezes na esperança de ter as carências preenchidas.
Sem querer e quase plagiando o conhecido e atuante espírito de Emmanuel, não podemos exigir dos outros dons que ainda lhes faltam ou que faltam a nós mesmos. Por isso, ao exercer a função de mestre-professor fazemos uma seleção dos candidatos e ao mesmo tempo tentamos frear qualquer manifestação ou tentativa de julgamento, esperando e confiando que a própria energia do Reiki faça os reajustes necessários e a quem necessitar. Julgar é sempre uma faca de dois gumes, afiada. Por isso que o mestre-professor precisa estar sempre atualizado, tanto nas questões do mundo físico quando naquelas do mundo espiritual, sem o qual não pisaríamos todos os dias nas ruas cheias de paralelepípedos. Fracasso, em qualquer nível, quase sempre reflete as fraquezas do próprio individuo, embora a grande maioria prefira culpar os outros pelos erros que comete.
O medo de errar desaparece no momento em que a gente repassa, de coração aberto, o conhecimento investigado, relido, revisado, com base sólida na experiência individual e científica. As reciclagens de Reiki, com mestres atualizados, são uma excelente opção de revisar o conteúdo da terapia para eliminar os achados pessoais e coletivos da internet. Nunca é demais lembrar que a linhagem é a base para avaliar, de início, de onde o Mestre Reiki vem e para onde ele estará indo. Sem esse parâmetro de comparação nenhum passo deve ser dado.
(*) Jornalista, psicanalista, psicoterapeuta