Conta a biografia do físico Albert Einstein que em um dado momento de suas pesquisas ele parou e disse que dali em diante com Deus, que o limite dele havia chegado. O que ele quería dizer é que daquele ponto em diante havia uma energía que ele não compreendia nem poderia negar que ela existía. Como cientista, naquela época, tinha que ficar calado ou perdia prestígio. A humanidade sabe disso mas a sociedade precisa que um cientista diga para poder ter validade. Essa teimosia da ciência é porque falta memória humana. Vivemos no Planeta mas sempre achamos que chegamos ontem. A sabedoria da natureza conserva a memória energética, a assinatura, as impressões digitais de tudo porque sabe que o ser humano é limitado e passageiro, vive apenas na superfície da Terra. Com equipamentos sofisticados, mas não o suficiente, é possível identificar a memória energética dos lugares. A Mediunidade ainda é o medidor mais preciso.
Para a ciência, o que não estiver escrito e provado é esquecido. Daí vem a importância e a responsabilidade das comunidades e do governo em preservar a história dos lugares, sem censura. A censura imposta por governos, como o da China, que tenta apagar pela destruição a história tibetana, é um crime contra a humanidade. Há muitos outros exemplos pelo mundo. No Brasil, os sulistas não aprendem nas escolas a história da colonização francesa na Paraíba e a luta dos índios locais por suas terras há 400 anos, mas está tudo lá. Se derruba um tempo mas não pode eliminar a energía do lugar porque essa programação é a força motriz do universo.
Com a adição da Espanha à União Européia, o país foi obrigado a melhorar os museus e a redescobrir a própria história. Muita coisa foi reconstruída e melhorada, assim como foi incorporado ao turismo a história das cidades, muitas delas 1000 anos mais velhas que o descobrimento do Brasil. Andando por Toledo, senti na pele o ponto-limite do início do bairro judeu antes do guia falar, assim como percebi igrejas sem energia alguma. Em Valência, os meus olhos estavam em outro aspecto da história: a energía dos lugares. O guía contava que naquela rua, hoje arborizada e cheia de edificios, houve um massacre de cristãos pelos árabes, há mais de 500 anos. Sem esse conhecimento o transeúnte passa por aquela rua e apenas ver o que é mostrado hoje: lindas árvores e prédios. Mas, apesar das árvores e dos prédios, havia, aos meus olhos, um detalhe importante: inúmeros prédios à venda ou para alugar. Poderia dizer que aquilo é um retrato da forte crise econômica por que passa a Espanha, mas não era só isso. Naquela rua construíram lindos prédios mas nada prospera. A energia daquele massacre ainda está lá.
Quando chegamos ao mercado central de Valência, a energía era outra. O guia disse que aquele mercado sempre foi um lugar de muito comércio, desde 500 anos atrás, especialmente na época das especiarias, quando os árabes dominavam o mercado, incluindo a seda, em toda a Europa. Esse domínio fez com que os reis da Espanha e Portugal pensassem nas caravelas e no mar para tentar tomar o domínio árabe. Dai nasceu o Brasil. À primeira vista daquele mercado era de ensalivar a boca. Havia um fluxo grande de pessoas, cheiro de frutas, ervas, sorrizos e trocas. O movimento, o som, a alegria das pessoas em comprar, vender e comer me deu vontade de pegar um carrinho e encher de comida. Meus olhos bateram naquela cesta cheia de figo maduro e suculento… E os melões amarelados e doces? Crianças se lambusavam de melancia, turistas comiam felizes sentados no chão. A energia da felicidade estava naquele lugar. Olhei nos quatro cantos, no teto e só vi luz.
Quando percebi, na adolescência, que interagia com a energia dos lugares, muitas vezes pensei que se tratava de uma maldição. Na medida em que combati, pela leitura especializada e pelo contato com outras pessoas com a mesma sensibilidade, aprendi que se tratava de uma bênção dos céus. Hoje posso desfrutar e perceber que a história pode ser modificada, o ambiente físico alterado, a ciência reafirmar que nada existe, mas tudo está lá, em cada lugar, em cada ambiente, gravado como se fosse o DNA. Por isso não visito mercados de objetos velhos e usados. Quem sabe um dia as gerações futuras possam aprender a olhar para o universo com os olhos do próprio universo e serem felizes ao aceitar todas as diferentes matizes da energia de cada ser, de cada lugar, de cada dimensão, porque a energia nunca morre, só se adapta a novas dimensões dela mesma. A ciência? Ah, deixa pra lá. Eles adoram investigar e apresentar relatórios inconclusivos…
jjoacir@gmail.com (texto publicado em 08/07/2013)