Por José Joacir dos Santos
Uma das grandes dificuldades do ser humano é acreditar nele mesmo. A maioria carrega uma parcela grande de autodesprezo, de falta de crédito, de ódio e rancor contra si mesma e acaba trabalhando a vida inteira, enquanto durar, para se destruir, se boicotar, puxar todos os tapetes, aniquilar com todas as chances de crescer, de evoluir e de buscar a luz. Essas emoções destrutivas são poderosas, cruéis, capazes de varrer a integridade de um indivíduo e de todos que o cercam e de passar geneticamente essa infelicidade para aqueles que gerar. Para esse
trabalho tão árduo e ao mesmo tempo fácil e perfeito é preciso ter ferramentas e dedicação e a maioria das vezes essa ferramenta é o próprio corpo. Alguns escolhem comer sem parar e engordar, para humilhar a si mesmos e aos que cercam, lentamente; outros escolhem se matar mais rápido, com eficácia, levando consigo o coração de quem estiver por perto e deixando para a eternidade a marca escura de seus atos, a qual recairá sobre os seus filhos e assim sucessivamente até que alguém dê um basta.
Não questiono o motivo pelo qual a espiritualidade tem encaminhado para mim clientes envolvidos com a autodestruição e a maioria usa uma energia muito poderosa, capaz de levar qualquer um ao buraco mais profundo e com eles todos os que o cercam, quer seja a família ou amigos, a chamada maconha. Talvez eu já tenha a experiência de outras vidas e tinha com elas aprendido a lição porque amo a vida e gostaria de não ter que dormir para poder fazer muito mais, vivenciar muito mais, aproveitar, sentir o ar entrar e sair dos meus pulmões sadios como uma canção infantil.
Nunca fumei, jamais fiz uso de drogas ilegais e faz muito
tempo que sequer uso vitaminas artificiais e legais porque fiz opção pela saúde física, mental, espiritual, holística, que recolho das flores, dos frutos, do ar e do Sol. Ainda não tenho as asinhas de anjo, mas Ramatis repete constantemente que a nossa vocação é ser anjo e eu também repito isso porque adorarei o dia em que puder voar para ver lá de cima a beleza do mundo e da vida, para percorrer todas as partes da terra, ver todas as formas e cores dos olhos humanos e aprender ainda mais.
A verdade nua e crua é que a maconha é realmente poderosa. Ela faz dos seus usuários uma espécie de soldado que enfrenta a tudo e a todos para defender a sua energia nem que para isso tenha que quebrar os laços com a família e a sociedade. Há profissionais de todas as áreas, até de segurança, utilizando a maconha como válvula de escape na inocência de que ela os deixará em paz com sua própria força e energia. E a válvula um dia explodirá. A maconha consome a energia de que a utiliza. Ela se apodera da vibração espiritual e cobre todo o ser da energia sem cor, que é a cor do seu veneno enganador. É da mesma forma que as flores dos sistemas florais chegam para os sintonizadores sérios, comprometidos com a espiritualidade, já que floral é indicado para os corpos sutis e assim sendo necessariamente passa pela sintonia enérgica entre a flor, o objetivo dela e o sintonizador. O sintonizador sente no corpo e na alma a energia da planta.
A maconha é relaxante? Não, é consumidora, suga a energia vital dos chácras e centros de força, abre buracos na aura e muda a rotação vibracional e sonora dos neurônios, deixando no sistema celular lento, rodando o código de uma nova programação, capaz de domar, humilhar, arrancar do usuário todas as suas forças racionais e luminosas. Por isso o consumidor pensa que está relaxada, na verdade ele está sugado.
Por que será que a maconha diminui a quantidade de esperma e a potência sexual? Porque tirando a força sexual a energia sem cor se apodera facilmente do espírito do usuário. De onde vem a criatividade e a vida senão do sexo? É a energia sexual quem explode levantando o bailarino no palco. Com certeza a ciência demorará séculos para verificar essas afirmações. Felizmente já existem aparelhos que fotografam a energia vital. Os russos estão avançados nisso, mas as minhas informações vêm de outras fontes, bem aqui e agora, e não tenho dúvida alguma de que o que vejo nos usuários de maconha é um desastre. Todo vício é um suicídio lento, inclusive o álcool. E tem gente que acredita que maconha não vicia! – mas engaña-se quem quizer.
Todos nós terapeutas temos o direito de rejeitar um cliente, de parar um tratamento quando o cliente não quer produzir, não quer se trabalhar ou quebra de alguma forma a transferência, a confiança mútua. Meu cliente, que chamarei de Rudi, veio pelas mãos de seu irmão querido, atormentado e prejudicado pela conduta viciada e degenerativa do irmão mais novo. Aos 14 anos Rudi deixou-se influenciar pelos “amigos” que cultuavam os programas culturais autodestrutivos dos concertos de rock, das bandas da cidade, todos regados a muita maconha e outras drogas. Levado pelo “amigo”, Rudi entrou no clube dos soldados da escuridão e das sombras. Adotou farda preta, a roupa preta, os trejeitos, piercing, cabelo longo, roupas largas sem estética, sujas, e tatuagens. Passou a roubar a família, a mentir, a fugir da escola, a ter dificuldades de se concentrar, estudar, raciocinar e a deixar rodar a fita da programação autodestrutiva que culmina com a celebração de um grosso cigarro de maconha.
É só olhar para o altar dos heróis mortos, autodestruídos, e iremos encontrar Elis Regina, meu colega de faculdade Renato Russo, e todos os norte-americanos maravilhosos e suicidas como Jimmy Hendrix. De que vale o herói morto e covarde consigo mesmo? Estes e muitos outros são valores de cabeça para baixo, os quais os adolescentes mal-amados adotam sem saber que protestam por uma causa perdida.
Rudi enveredou pela homossexualidade não pela vontade própria, mas porque depois de uma série de “baseados” ou “bagues” ele simplesmente perdia o controle e se deixava violentar sexualmente para “pagar” os favores dos amigos, companheiros e traficantes, que lhe davam o fumo em troca da sua juventude e inocência ultrajada. O que será que Rudi procurava nessa gente fora de casa? Chegou a dormir profundamente e ao acordar apenas notar que havia sido usado sexualmente, sem saber por quem. Ao chegar em casa, certa madrugada, bateu com o carro na garagem porque não viu o portão fechado. Feriu-se profundamente no rosto e quase morreu sem socorro. No hospital, o seu ânus sangrava porque havia sito violentado, sabe-se lá como e por quem.
Rudi é um rapaz bonito, de olhos claros, alto, e quando pega um Sol sua pele fica da cor de jambo. Aos 21 anos de idade já tem herpes, sífilis, já contraiu gonorréia, sofre de uma espécie de rinite sem fim, teve o nariz operado porque teve as paredes internas destruídas por cocaína e ácido. Rudi é um trapo de gente, fedido, em processo acelerado de autodestruição. Aqueles que o acompanham espiritualmente riem de todas as minhas palavras e tentativas de trazê-lo de volta para a vida e para a luz. A família já não tem condições de reinterná-lo em clínicas alopatas caríssimas e inúteis porque a qualquer momento ele será traído pela memória de suas próprias células e a medicina ainda não está preparada para trabalhar com o DNA sutil corroído pela maconha e demais drogas. É interessante ver como ele não ouve a ninguém que quer ajudá-lo e nem a seus instintos mais naturais.
Não adianta procurar os culpados porque em nada traria Rudi de volta. É uma decisão pessoal de perder a vida sem platéia porque todos aqueles que abusaram sexualmente pela comunhão da maconha e das drogas já estão longe, bem longe, porque Rudi não tem mais dinheiro para manter o vício e nem o seu corpo tem saúde. A juventude da sua vida foi ultrajada, vilipendiada, traída, sugada, abusada.
Encarei alguns de seus obsessores espirituais, que ele jamais pensou que tinha, e companheiros de infortúnio voluntário e tive muitos problemas. Fui seguido e perturbado no sossego da minha casa. Desisti dele porque ele há muito desistiu de si mesmo. Enquanto isso, a rainha da escuridão está solta nas ruas cantando pneus, de sorriso aberto, de abraços amigáveis, aliciando e recrutando outros Rudis, que poderá ser meu filho. Por falar nisso, em que segundo da vida Rudi tomou o trem diferente de sua família ou foi a sua família que o esqueceu em algum momento da vida? Onde foi rompido para sempre o laço do amor? Nos poucos momentos de lucidez no consultório Rudi chorava e queria ser abraçado. Seu corpo se curvava completamente na cadeira e as lágrimas eram como rios quentes, intermináveis. Tive vontade de abraçá-lo e mimá-lo como um bebê, mas tive que me chamar de volta para a cadeira de terapeuta, de onde não se pode sair.
Há uma teoria segundo a qual o mal nunca vence. Eu duvido muito. O universo não faz julgamentos. Os anjos do mal ficarão eternamente nessa condição até que um dia aceitem a misericórdia divina e decidam veredar pelo bem. A escolha é sempre nossa, da felicidade ou da infelicidade. Rudi permitiu entrar nesse ciclo assim como jamais permitiu ajuda para que dele saísse. Como tudo é assim na terra como no céu, em algum lugar do umbral Rudi estará por muito tempo. Deve ser interessante para ele conviver com os sem-memória, sem lembranças, sem-referências, sem-esperança, sem as partes de si mesmos, onde o cheio do enxofre é forte e permanente, e onde ele daria tudo por um “bague”.
Como vivemos neste momento no processo depurador espiritual dos tempos, a caminho do feixe de luz do Terceiro Milênio, muitos Rudis serão deixados para trás como o nosso rei da covardia se deixou nesta vida. Eu trabalho com os florais de Bach e Saint Germain e vejo todo dia “milagres” acontecerem com os meus clientes e com todos as pessoas que decidem colocar a energia das flores do bem em suas vidas. Vejo a luz surgir como os raios de um novo dia na vida de cada pessoa porque os florais são feitos de flores medicinais não venenosas. Isso tudo é o oposto do que vi surgir na vida de Rudi. Mais uma vez, só existem dois estados que se aplicam a todos os aspectos da vida humana: a luz ou a escuridão. Talvez um dia o lado angelical do bem da maconha seja descoberto, mas eu duvido. Por isso que ela ajuda aos doentes termináis, isto é, aos que já estão morrendo para que morram mais rápido. Com certeza, no formato de fumo e chá não é a fórmula da salvação de ninguém. O espírito de Rudi, morto aos 22 anos de idade, que o diga.
Fala Rudi!
E fale alto se for capaz, já que você agora é um soldado quase-eterno da rainha da escuridão da noite.
jjoacir@gmail.com