Por: José Joacir dos Santos
ESTAMBUL, Turquia
O templo teve vários nomes e ocupações, nem sempre pacíficas, desde o Século IV. Fica em Istambul, antiga Constantinopla, Turquia, às margens do Mar de Mármora. Quando o templo foi construído pela primeira vez, faltava cerca de mil anos para o Brasil ser descoberto por Cabral (se é que foi ele mesmo!) e o Islamismo não existia ainda. A linda Istambul de hoje, com 15 milhões de habitantes, coleciona centenas de anos de história de vários impérios, guerras, tragédias e luta pelo poder, desde o Império Bizantino ao Romano, passando pelos conquistadores do Império Turcomano, não necessariamente nessa ordem. Um dos museus guarda desde o cajado de Moisés às espadas de Maomé, assim como as maiores peças em ouro puro que já vi nesta vida. De quebra, a exposição “500 Anos de Japão” está aqui, e apresenta uma imagem milenar da Deusa da Compaixão e do Perdão, Kuan Yin.
A história diz que Theodoro, parente do Imperador Justinianus I, começou a construção do templo no Século IV. De lá para cá, terremotos, motins religiosos e outras brigas demoliram o templo inúmeras vezes. A motivo pelo qual o templo foi erguido é Jesus, que aqui aparece em imagens desde a infância, entre 6 e 12 anos, e também com cerca de 30 e poucos anos. A história aqui chama de ignorante quem ainda quer saber onde Jesus andou entre os 12 e 33 anos.
Um dos painéis mostra o Imperador Bizantino Leon VI (viveu entre 866-912), ajoelhado aos pés do jovem Jesus, que está sentado no trono do próprio Imperador. O templo, cujo teto e figuras são cobertos de ouro puro, e suas estruturas de mármore raro, foi ocupado por muçulmanos, que destruíram o que puderam, inclusive painéis milenares. Por fora foram construídos os famosos pilares fálicos das mesquitas e os painéis internos que se salvaram foram cobertos por outros dedicados a Alá. Finalmente o governo da moderna Turquia declarou que todos os templos, de qualquer religião, são museus e isso tem salvado o que restou de milhares de anos. A Turquia de hoje é um exemplo de convivência pacífica entre cristãos, judeus e muçulmanos. Um país alegre e rico em tradições.
Entre os poucos painéis que se salvaram também está aquela que dá nome hoje ao lugar: Sofia. Sofia é Maria e aparece ao lado do Arcanjo Gabriel na parte mais alta da igreja, e talvez por isso não tenha sido destruída. Uma das asas do Arcanjo Gabriel foi destruída. Fingi que estava perdido e, andando pelas ruas, parei e perguntei a várias vezes onde ficava a Igreja de Santa Sofia. Idosos, jovens e até crianças, sem entender inglês, apontaram na direção de Hagia Sofia (eles pronunciam Aia Sofia, do grego Ἁγία Σοφία (Santa Sabedoria). Em Latim é Sancta Sophia ou Sancta Sapientia. Os turcos chamam a igreja-mesquita de Hagia Sophia e a população de séculos atrás também chamaram a igreja de “A Igreja do Choro”. Em alguns livros antigos, Sofia é chamada “aquela que escuta o choro do mundo”. Curiosamente, a mesma frase é utilizada pelos orientais, há mais de mil anos, para a Mestra Kuan Yin. Istambul é quem assiste a separação, por um estreito canal marítimo, entre a Europa e a Ásia.
Com tanta guerra e destruição, a Igreja de Santa Sofia é um lugar sagrado, testemunha do tempo, uma prova viva da imortalidade e da força silenciosa e milagrosa da fé. Aqui encontrei, muito emocionado, a imagem de Jesus que me apareceu no momento da minha iniciação como Mestre Reiki pela Mestra Ana Aparecida de Oliveira. Nunca tinha visto aquela imagem e durante anos procurei em todo lugar. De repente ela estava aqui, salva, intacta, numa cidade onde 95% da população é muçulmana. Estambul hoje tem cerca de 15 milhões de habitantes, salva, pela Europa, das neuroses do conservadorismo islâmico. Aqui, todas as mesquitas e igrejas são lugares de visitação pública e com isso a indústria do turismo é uma das mais movimentadas e ricas da região. São 3000 mesquitas, 60 igrejas e 6 sinagogas. A igreja de Sofia-Maria é o ponto de maior convergência das visitações públicas. Aqui o Papa João Paulo II ajoelhou, rezou e quase gerou uma guerra com os islâmicos porque o governo da Turquia proibiu rezas e orações, de qualquer religião, dentro do templo.
Nada se compara ao olhar do jovem Jesus, em dois painéis, pintados há mais de mil anos, forte, segurando livros de capas douradas, majestosamente firme, guardado pelo Arcanjo Gabriel e por sua mãe, Sofia-Maria, superior ao tempo, ao fanatismo, às guerras e às lutas humanas sem sentido algum. No hora da minha iniciação no mestrado aquela imagem veio viva, firme, maravilhosamente bela como se eu, de olhos fechados, tivesse olhos em todas as células do meu corpo sem ter jamais visto aquela imagem antes. Não sendo católico nem protestante, a presença majestosa de Jesus e Maria-Sofia foi sempre uma constante na minha vida, desde a infância, através de aparições, independentemente do tempo e do espaço, assim como das minhas lutas internas sem o incentivo e a influência de religião alguma. Como explicar isso? Há muito o que pesquisar!
Presenteio ao leitor do meu site, assim como aos meus familiares, amigos, alunos e toda a minha linhagem para trás e para a frente com essas imagens eternas, cheias de vida e história, lembranças e confirmação de vidas passadas. Elas me relembram que esta vida é uma continuação de inúmeras outras, e que a fé não é um estado temporário. É um projeto em construção e que a gente não deve deixar que influências momentâneas da sociedade do nosso tempo interfiram na nossa própria história. Não muito longe do templo a Maria-Sofia há ruínas de um templo pagão de mais de mil anos, isto é, só resta as ruínas. Eu só fui a Estambul porque não tinha opção. Tinha um preconceito escondido, que morreu, contra Estambul, por influência do filme “Orient Express” (Expresso do Oriente, de Agatha Christie). Jamais pensei encontrar lá explicações para coisas tão profundas do meu ser, especialmente a solidificação e o meu compromisso, livre e desapegado de religião, com a luz de Jesus e Sofia-Maria. Recomendo que você também adquira essa independência e se descubra.