Por José Joacir dos Santos
Se não bastasse os milhares de medicamentos lançados quase que diariamente no mercado brasileiro com contra-indicações que se multiplicam, a indústria descobriu outra forma de burlar o cidadão comum: nomes e definições incompreensíveis nas bulas. Até vitamina C vem agora com nomes enormes que ninguém sabe o que é. E tem mais, com cafeína e capsula com lactose. Agora, o C da vitamina pode ser lido como caos. As pessoas idosas são vítimas fáceis porque a vista fica curta e elas não conseguem mais ler aquelas letrinhas miúdas nem compreender tais definições.
Desde a época da ditadura, aliado aos interesses dos grandes laboratórios, o governo federal faz vista grossa com este assunto. As grandes corporações despejam o que de pior existe no mercado, mudando apenas de rótulo. A situação é tão desastrosa que farmácias fazem promoções de medicamentos, as vezes próximos da data de validade. O cliente vai comprar uma pastilha para a garganta e o funcionário da farmácia já vem com uma lista de sugestão de compras e promoções como se medicamento fosse algo essencial como o são frutas e verduras. Tudo isso leva a um ponto: a doença como caminho.
Raras são as farmácias que disponibilizam funcionário para o atendimento diferenciado ao público. Só existem vendedores, que não dão muita atenção quando o cliente pede explicação de uma informação cifrada nas embalagens dos medicamentos. Se o cliente se adianta e pergunta sobre medicamento sem lactose, o vendedor já diz que não sabe. O que a maioria dos clientes não sabe é que laboratórios fazem o revestimento externo das capsulas com lactose. Na descrição do conteúdo do produto as vezes nem é mencionado que contém lactose e o cliente acha que por não mencionar não contém. Ledo engano! Esse descaso também está nos queijos vendidos com a tarja ¨zero lactose¨ e as pessoas com um nível alto de intolerância a leite passam mal com eles. A barriga incha, a respiração fica comprometida, etc.
Para que se preocupar com a população se o governo não faz isso? Por que a indústria vai limitar seus produtos se o povo compra tudo que ver pela frente? Tem até cestinha nas farmácias!
Passei uma experiência negativa em famoso hospital de Porto Alegre. Gripado, fui ao médico. Nos formulários que antecedem à burocracia do hospital, coloquei bem claramente que tenho intolerância a lactose. Finalmente, quando pude ficar frente a frente com o médico, disse a ele que tinha tal intolerância. Obviamente que o médico nem olhou para minha cara. Sai do consultório para a farmácia e lá estava medicamento indicado pelo médico estampado que continha lactose. Reclamei com a direção do hospital e a resposta foi simples: estamos trabalhando para o melhor atendimento possível a nossos clientes. Isto é, eles sabem que a corporação médica se protege bem e o cliente, se escapar do medicamento errado, perde todos os seus bens na justiça e ainda corre o risco de perder a causa.
A alternativa para o cidadão é mudar de caminho: em vez de alimentar a enorme cadeia multiplicadora da doença, com medicamentos que não funcionam, buscar o caminho da roça, isto é, mudar hábitos alimentares, atitudes mentais e se inserir no contexto da saúde como caminho.
As práticas integrativas de saúde, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, estão bem desenvolvidas no país. Nunca tivemos tantos remédios disponíveis: fitoterápicos, homeopáticos, florais, terapias energéticas como Reiki, passe magnético e muitas outras formas de cuidar bem da saúde sem se envenenar. É só olhar e ver que os mercados orgânicos estão se espalhando e compreender que a saúde é quem sustenta a alma. É preciso ter cuidado com fitoterápicos vendido por pequenos fabricantes que compram material para as capsulas sem investigar se esse material tem lactose, glúten, talco etc.