Por José Joacir dos Santos
Uma jornalista de um canal de tv internacional pergunta a uma mulher que vive numa das regiões mais secas do deserto do Saara, onde falta água e comida básica, por que ela não se muda para outro lugar. A entrevistada responde: não existe outro lugar, os meus antepassados nasceram e morreram aqui…Ao redor do pescoço, aquela mulher carrega vários amuletos e a jornalista pergunta, medindo palavras, sobre eles: é para me dá sorte. Quem sabe amanhã chove…! Quem se recorda daquelas famosas procissões nos vilarejos nordestinos, onde o povo caminhava com imagens de santos e fazia penitência pedindo chuva? As vezes a chuva vinha, mas a água não era retida pelos rios temporários até que o milho vingasse. E os políticos eram reeleitos prometendo o que a chuva não conseguia entregar.
A esperança é a última que morre, diz o ditado popular. O que o ditado deixou de acrescentar foi que a esperança em um futuro, seja qual for, precisa ter bases sólidas. Mas, essa visão clara não chega para todas as pessoas. A fé sega continua sendo uma faca amolada e fazendo estragos em vários setores da sociedade, inclusive no lado religioso da vida. O medo do desconhecido afeta a humanidade desde os tempos mais antigos. Isso provoca inquietação e desejo de algo ou alguém, com a capacidade de ver o futuro, apareça e faça uma previsão para o futuro. Assim, a história humana está cheia de oráculos milagrosos, amuletos, superstições, crendices religiosas e muito medo. Pessoas que nascem com certos dons espiritualistas são assediadas e as vezes levadas a situações extremas, empurradas pela necessidade das pessoas em ter uma luz ao final do túnel de suas vidas.
Quem aposta muito no futuro pode estar preso ao passado e não fazer o menor esforço para viver o momento presente. Se prender ao passado é como se escravizar ao medo, ao ressentimento, a relacionamentos e situações mal sucedidos ou mal resolvidos, cheias de sofrimento. Essa prisão emocional trava os canais de conexão com o momento presente, já que o futuro não se materializa quanto há pessimismo, egoísmo e qualquer outro ísmo. As oportunidades boas da vida se escoam como areia entre os dedos de quem nega o momento presente. Todo esse quadro se complica e se materializa como uma prisão dentro de outra quando as pessoas, que vivem no passado, se deixam enlaçar por seitas, religiões, drogas, prostituição, negativismo etc. Se envolver no mundo da escuridão da noite é querer ser aprisionado por toda a energia sem luz de que aquele mundo é sustentado. Na energia da escuridão da noite nada prospera.
Mas, é possível prever o futuro? Sim, em parte. As pessoas que vivem do comércio da previsão do futuro não têm o menor escrúpulo de satisfazer os desejos do (a) cliente, dizer o que o (a) cliente quer ouvir. Os que usam a espiritualidade nesse comércio podem até passar uma ou outra informação correta para poder laçar e arrebatar o indivíduo como o faz um vaqueiro. Depois vem a conta! Muita gente boa perde os seus dons ao se envolver naquele mercado de previsões do futuro, onde pessoas fracas e carentes procuram saber onde está o (a) príncipe (princesa) encantado (a) de suas vidas. Dezenas de mulheres brasileiras arriscam suas vidas nos sites sociais em busca de homens encantados, ricos, como aqueles que só existem nas novelas, em países onde a população masculina quer imigrar porque a vida já é complicada e difícil. E elas pensam que serão felizes… Mal sabem que eles só querem os documentos delas para usá-los como ponte para eles mesmos… Elas chegam a se converter para religiões e seitas pesadas, onde milhares de mulheres, pelo mundo afora, pedem socorro porque são tratadas como seres inferiores, objetos, mercadoria, que só servem para parir.
Em todas as seitas e religiões do mundo sempre houve a figura relacionada ao futuro. Aquela entidade capaz de fazer milagres e materializar o futuro. As relações humanas com a espiritualidade são mais intensas do que se pensa. Assim, tudo é possível entre o céu e a terra. No Budismo, a figura mais recorrente, em toda a documentação existente, chama-se Maitreia – o buda do futuro. Nos caminhos da rota da seda, da China ao Afeganistão, há inúmeras estátuas de Maitreia cravadas em montanhas, algumas delas destruídas pelo grupo que hoje governa o Afeganistão (que não permite que mulheres estudem ou trabalhem). Quando tentam pintar a figura futurística de Maitreia, os monges mais sensitivos só conseguem visualizar seus dois olhos, fixos no horizonte. A indústria do cinema tenta também criar o futuro, mas só consegue materializar imagens de mundos terríveis, cheios de monstros, onde a suposta vida no planeta Terra deixou de existir.
São muitas as perspectivas do assunto que estamos falando e por isso mesmo é impossível cobrir todos os aspectos. Quando a entidade Maitreia é indagada sobre o futuro, as respostas podem parecer longe, distantes, mas é tudo sobre o momento presente, que pode ser ilusão de ótica. O futuro é hoje. Ao responder sobre o futuro, Maitreia aponta o dedo para o seu presente e indaga como você está abraçando a vida que lhe cabe, hoje, agora, neste momento. Lembra que o acaso não existe e que a humanidade está dentro de um invólucro enorme, onde existem muitas portas nas diversas dimensões. Muitas delas, o indivíduo comum não pode sequer imaginar que exista. O que seria um indivíduo comum? Aquele que é conformista, que só pensa em comer, fazer sexo, dormir, trabalhar, comer, fazer sexo, dormir… ou que se recusa a mudar de região achando que a seca um dia vai passar, esperando que ajuda alimentar chegue de algum lugar sem o menor esforço. Ou aquele que não tem a menor responsabilidade sobre votar… Em alguns países africanos em guerra, a população civil se acostumar a receber os pacotes de ajuda alimentar internacional e nada produz. Na hora que os pacotes deixarem de chegar, todos morrerão de fome.
Fé e esperança são essenciais em todos os momentos da nossa vida, mas muita gente confunde isso com religião. A esperança pode se materializar quando o indivíduo está fazendo e construindo a sua parte naquilo que deseja. Tanto a fé quanto a esperança vem de dentro para fora, por isso, não tem religião ou seita que contribuam para acender a chama da fé e da esperança. Essa força tem que partir de dentro do indivíduo. Conheço inúmeras pessoas que saíram da pobreza estudando em escolas públicas noturnas, as vezes vestindo a mesma roupa todos os dias, as vezes brigando com os pais para irem para a escola, mas tinham a fé e a esperança em mudar de vida. Havia um projeto!
Nos tempos atuais, com milhares de pessoas vivendo com os efeitos colaterais da Covid-19 ou com a memória da perda de parentes, amigos e conhecidos, é preciso ser muito forte para não cair na onda energética negativa que ainda rodeia todos nós. Cultivar a chama sagrada da fé e da esperança virou assunto diário nas nossas vidas e não podemos dormir à noite sem nos alimentarmos dessa energia. Muita gente acha difícil parar cinco minutos para fazer uma oração, mas fica horas assistindo noticiário da violência das cidades brasileiras ou ajudando a espalhar fake news. No tempo atual, cada um tem que se salvar sozinho e o melhor caminho para isso é a oração, longe das igrejas. O futuro precisa ser visualizado como algo que está acontecendo agora, neste momento. Mentalmente, quando você faz suas orações, vai visualizando tudo o que quer, nos mínimos detalhes, se materializando na sua frente. Repete todos os dias até conseguir, de olhos fechados, ver o futuro na sua frente. 13/03/2023