por José Joacir dos Santos, fitoterapeuta
Todo brasileiro conhece a oliveira como azeitona. Na Espanha é mais chamada de oliva. Há milênios, a oliva é alimento diário em todo o Mediterrâneo, inclusive no Norte da África, banhada por aquele mar. Não é por acaso que o fruto da oliveira é citado em várias partes da bíblia e nos textos judeus. A planta é uma das mais antigas de toda a região. É nativa, mas também cultivada. Há inúmeras plantações em Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Argélia, Tunísia com o objetivo da fabricação de uma das preciosidades da farmácia e da cozinha: óleo de oliva (em Portugal se chama azeite de oliva). Embora existam regiões onde a oliveira seria plantada com sucesso, como no brejo nordestino e Sul do Brasil, mas essa ideia é muito acanhada entre agricultores brasileiros.
Há várias espécies, tamanhos e cores de oliva e isso influi no preço e na qualidade do óleo e da fruta. No Brasil, as pessoas só conhecem a oliva e o óleo de baixa qualidade importadas de Portugal e Espanha porque eles vendem a de melhor qualidade para mercados mais caros como a própria Europa. Portugal tem essa política de só exportar produtos de baixa qualidade para ficar com os de melhor qualidade. Basta uma caminhado por supermercados de Lisboa para verificar que o Brasil importa baixa qualidade de azeite e vinhos portugueses e espanhóis. Importadores brasileiro não conseguem quebrar esse mal hábito, isto é, bloquear produtos de baixa qualidade, também, da China. Agricultores gaúchas estão tentando criar plantações de oliveiras. A melhor oliva é aquela que não passa nem de longe por inseticidas e adubos não-orgânicos. O segredo mediterrâneo de oliveiras com longa vida é a ausência de adubos, onde a oliva é cultivada e seus produtos colhidos por agriculturas familiares – com excelente fruto e azeite. A oliveira requer pouquíssimos cuidados.
Qualquer espécie de oliva é comestível em sua forma natural. Nos países do Mediterrâneo as pessoas fazem saladas de oliva e temperam com pimenta, queijo, tofú, vinho, vinagre etc. Nas padarias, há bolos com oliva. Plantadores conservam a oliva natural com sal grosso, marinho, e incluem pequenas quantidades de azeite natural e orgânico. O problema de muitos dos azeites importados pelo Brasil é que são misturados até com óleo de soja, isto é, não é azeite de oliva. Itália e Espanha exportam óleo de oliva, mas recentemente têm sido publicados artigos na imprensa sobre a falsificação de óleo de oliva por comerciantes italianos e franceses. Eles importariam o azeite da Espanha ou de Portugal, mudariam de rótulos e exportariam como se fosse produto italiano. O mesmo ocorreria com vinhos baratos supostamente franceses. De francês só teriam só a garrafa. É muito comum encontrar falsos vinhos franceses no Norte da África por causa da proibição religiosa com relação a bebida alcoólica. As proibições sempre criam efeitos colaterais nas ex-colônias francesas. Mesmo assim, há denúncias na imprensa de que até as garrafas desses vinhos franceses baratos são, na verdade, chinesas.
A oliveira é uma planta abençoada pela natureza universal. É um dos guardiães da terra. A árvore dá sombra, refresca a paisagem, segura o solo, ajuda a fertilizar, não cria atrito com os ventos e vive uma eternidade. Nas tradições deixadas pelos povos que habitaram costa mediterrânea, o chá da folha de oliveira é remédio e pode ser feito da folha fresca ou desidratada (seca). Duas a três xícaras de chá por dia podem tratar laringites e inflamações do trato respiratório, elevar a imunidade corporal e baixar o colesterol negativo. O chá é também antioxidante e excelente para pessoas idosas. O cabelo adora chá de oliveira. Em farmácias, a folha é vendida em capsula e a recomendação é ingerir uma capsula antes das refeições. O chá da folha é mais interessante e o efeito é mais rápido. Vale lembrar que qualquer fitoterápico em capsula deve ser seguido de muita água para a completa assimilação pelos órgãos físicos. Nem todo fitoterápico pode ser encapsulado. Há que ter cuidado porque ainda existem farmácias que usam capsulas feitas com materiais alérgicos como lactose (derivados do leite de vaca) e glicerina. É muito fácil cultivar oliveira, tanto para o consumo quanto para o uso fitoterápico.
Aquela fantasia criada no Brasil de que azeitona entope o sistema digestivo é falsa. Pelo contrário, a oliva serve para equilibrar e regular o sistema digestivo. Obviamente que tudo que é em excesso é prejudicial. Fiz um longo experimento comendo 10 olivas junto com o almoço e o meu sistema digestivo agradeceu muito. Não param aí as propriedades medicinais da oliveira. O Dr. Edward Bach incluiu em seu sistema de floral a oliva e o sistema Florais de Saint Germain repetiu a iniciativa porque a flor da oliva tem a capacidade de despertar a força da vida. O floral é também indicado para aquelas pessoas que só enxergam o amargor da vida. Veja a foto com o chá da folha fresca, especialmente as folhas novas, colhidas da árvore. De início o chá fica com a cor verde-oliva. Depois torna-se dourado e reproduz o dourado do sol, o mesmo dourado da folha de boldo do Chile e muitas outras ervas medicinais.
Há produtores de óleo de oliva honestos em todas as partes do mundo. Um dos melhores óleos de oliva é o grego. Países do norte da África já produzem excelentes óleos para o consumo interno. É interessante e recomendável que você esqueça aquela mania de só comprar uma determinada marca. A sua imunidade agradecerá, coma olivas frescas. Como a maioria vem com muito sal, para conservar, você pode deixar de colocar sal na comida e acrescentar as olivas. Hummm.
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Foto ilustra chá feito com folha fresca em 22/08/2022