A grande diferença entre o Brasil e os Estados Unidos, hoje, é que o Brasil comete os mesmos erros que os norte-americanos cometeram no passado recente, inclusive no que ser refere à saúde pública, com a ajuda de parcela dos profissionais de saúde que juraram trabalhar pelo bem-estar dos seres humanos. Desde os anos 50 que a milionária família Rockfeller, proprietária de várias indústrias, inclusive de tabaco, sistematicamente implantou naquele país a lei do dinheiro para comprar o poder, dentro e fora do Congresso. Eles também investiram nos laboratórios farmacêuticos, hoje milionários e suspeita-se que eles fomentam alguns profissionais de saúde corporativos no Brasil. Eles compraram os médicos fracos e gananciosos. Aquele país não tem os famosos “conselhos” de classes, no formato que o Brasil tem. Aquela família invadiu todos os meios de comunicação dos EUA com seus comerciais, impondo as regras do poder do dinheiro. Décadas atrás, um daqueles antigos comerciais para TV aparecia um médico, em um suposto consultório, vestido de branco e fumando. Uma voz no fundo dizia que fumar é muito bom, inclusive para médicos. Esse comercial ainda está circulando na internete e tem sido utilizado em inúmeros congressos, palestras e encontros sobre saúde desde aquela época.
Os Rockfeller tomaram conta das faculdades de medicina e como a grande maioria deles (nos EUA) são particulares, obrigaram a seus dirigentes a modificar o currículo para que se adaptasse às necessidades dos grandes laboratórios farmacêuticos onde a família tinha investimentos. A exigência principal do poder da família era exluir tudo o que pudesse estar ligado ao caminho holístico porque para eles o holismo não era ciência. Hoje eles são uma grande e poderosa fundação. Quem não se submeteu a isso, fechou. Dai surgiram muitas mazelas, inclusive aqueles homens de pastas pretas que desrespeitam as filas nos hospitais e clínicas brasileiros para presentar os médicos com as “amostras grátis”. Todo mundo sabe que aquelas amostas não são gratuitas. O corporativismo médico é sustentado por elas. Artigos de jornais e teses norte-americanos dizem que os laboratórios também financiam congressos, seminários, pagam hotéis e passagens para os médicos mais famosos, os mais pobres e os iniciantes, que se curvaram ao sistemão porque do contrário não ficariam ricos ou mais ricos. Será que isso ocorre hoje no Brasil? Nos EUA, eles não tentaram encampar homeopatia, acupuntura e outras terapias porque elas “não davam lucro”. A imigração chinesa e coreana ajudou a consolidar a Medicina Chinesa (e a acupuntura), e hoje há famosas faculdades de Medicina Chinesa, inclusive a que estudei em San Francisco, Estado da California.
A história hoje se repete no Brasil, com o apoio de congressistas, onde grande parte deles é médico, filho de médico ou de família de médicos, assim como o é grande parte dos “funcionários” do Ministério da Saúde brasileiro. É esse corporativismo que está empurrando as terapias para um canto, até elas se perderem e confundirem a população com suas manias de medição e de dinheiro a qualquer custo, embora eles usem os supostos cuidados com a saúde como se só eles soubessem disso. Agora querem monopolizar a acupuntura, que até pouco tempo eles diziam que era bruxaria, mas começou a dar lucro e eles não podem deixar de ganhar mais dinheiro. Há alguns anos atrás, o Conselho Federal de Medicina chegou a condenar oficialmente a acupuntura para retirar a condenação assim que viu que o povo prefere terapias naturais para certos males físicos, mentais, emocionais e espirituais. Já existe, informalmente, a “bancada médica” no Congresso Nacional.
Nós sabemos que os meridianos da acupuntura são invisíveis, não podem sem mensurados e eles são a base de toda a Medicina Oriental. Ao querer encampar a acupuntura como exclusividade médica, em breve eles vão querer encapar os centros espíritas de todo o país, porque tudo é tratado com o mundo invisível, como a acupuntura e grande parte da Medicina Oriental, a qual invoca ancestrais, estrelas, astros, signo, cinco elementos da natureza e por ai vai.
Essa investida do Conselho Federal de Medicina, impetrando atos judiciais em instâncias onde pode dar certo, comprova o grande descaso das autoridades da saúde no Brasil, quase todos médicos e, naturalmente, esse descaso é um movimento a favor do corporativismo médico. Onde fica a população nisso? Em lugar nenhum. A população é tratada como criança indefesa que precisa que os médicos digam o que fazer, como se tratar, com o que se medicar, e essas indicações, cheias de contra-indicações, apontam para a milionária indústria da saúde, que vive da miséria humana, da exploração financeira da miséria humana, com hospitais, clínicas e aglomerados médicos milionários, onde uma consulta de 15 minutos varia entre 100 e 300 reais ou até mais. Medicamentos hoje é uma grande indústria de dinheiro, há uma farmácia em cada esquina. Não há medicamentos sem contra-indicações. Que medicamento seguro e eficiente você compra por menos de 100 reais? Entre um médico e um terapeuta holístico, que trabalha com a prevenção da doença, quem o cidadão vai escolher? O médico! Por quê? Porque parte da imprensa diz que deve ser assim.
O que mais assusta nisso é a conivência de inúmeros honestos profissionais de saúde que compreendem a importância da terapias holísticas e sabem que a acupuntura é parte da Medicina Oriental, a qual não tem, de forma alguma, semelhança com a medicina alopática. Daqui a pouco, acupunturistas, psicólogos, fisioterapeutas, médiuns e outros profissões serão completamente dispensáveis e desacreditados, como eles tentam fazer, todos os dias, com as terapias holísticas.
É possível que cheguemos, em breve, ao ponto em que chegou os EUA: para você ir a um oculista precisa passar por um médico, chamado de “referral doctor”. Isso funciona assim, você jamais poderá ir a um médico especialista sem antes passar por um “referral doctor”, que não vai olhar nem para a sua cara, mas você tem que pagar essa consulta para poder chegar a um médico especialista que esse tal vai lhe encaminhar. Esse médico vai verificar se você tem ou não plano de saúde para poder lhe indicar para aquele médico que mais der lucro. É o lucro que importa, rápido e fácil.
Assim, haverá “referral doctor” para acupuntores, psicólogos, fisioterapeutas e o que mais eles se acharem no “direito” de serem os donos da saúde pública brasileira e de todos nós, cidadãos. É por esse motivo que a saúde pública nos EUA está em um buraco sem fim, que o atual presidente da República não conseguiu consertar, especialmente porque o Congresso não deixa (Obama Care). Como deixar de mamar em milionárias tetas? Esse passo à frente, com a força do “Ato Médico” em vias de passar pelo Congresso Nacional brasileiro, vai encurralar a população para o funil que existe em muitos países hoje, inclusive EUA: ou você tem dinheiro para se tratar em um hospital ou morre. A Acupuntura é um perigo na mão de não-médicos porque ela pode evitar que a pessoa adoeça. O sentido humano da medicina que desapareça pelo espaço. De que importa o conhecimento popular, como é a Medicina Oriental? Nada. Enquanto isso, a miséria humana cresce em todo o país. jjoacir@gmail.com (este artigo foi publicado em 2006)
Por José Joacir dos Santos