Quando eu era adolescente, nos anos setenta, já tinha coleção de discos de vinil e me gabava de dizer que era fã do guitarrista Jimmy Hendrix. Escutava Chopin quando chovia e Beetoven nos domingos de sol forte. Claro que meus colegas de escola me chamavam de esnobe e eu gostava. Naquela época, na Paraíba, sem televisão, pouca gente podia se dar ao luxo de ter em casa revistas do Sul do país – Cruzeiro e Manchete – que só falavam dos Estados Unidos e dos ídolos do rock estrangeiros, como ainda hoje. Embarcava nessa leitura, achando que o mundo era assim e por uma questão de tempo todos seríamos norte-americanos. Mergulhei no aprendizado do inglês, e não demorei a descobrir que meu herói guitarrista era um excelente músico mas um desastre de pessoa, envolvido com todo tipo de droga, um antisocial por natureza, um ídolo ôco, que não fazia nada intessante na vida além de pregar a tristeza, a melancolia, o sofrimento, a infelicidade da sua própria vida. Além disso, o rock pauleira que escutava só falava em droga e porcaria. Incitava a uma agressividade e a uma rebeldia que não sentia nas minhas veias, embora adolescentes, e me convidada a ter necssidades que eu também não tinha, como a de andar cheio de tatuagem parecendo um prisioneiro. Claro que os EUA viviam, naquela época, o inferno da guerra do Vietnã e da propaganda da “guerra fria”, mas, e daí? O que isso tinha a ver comigo? O legado deixado pelos ídolos da minha adolescência foi um desastre e muita gente ainda embarca nele hoje: se enfeita como árvore de Natal, repetindo os comandos das gangues e suas tatuagens, piercings, agredindo o próprio corpo e os olhos de quem vê. Foi duro perceber que Jimmy Hendrix não casava com a vida pacata e sadia, muito menos com os meus projetos de uma vida melhor e felizes que eu tinha. Ele logo morreu, drogado. Assim, parei de ser o macaquinho de imitação que as revistas vendiam como sendo a moda a seguir – mas a imprensa brasileira ainda não parou de vender imagens falsas e irreais de fora do Brasil, assim como de denegrir o sentimento herdado de Tupã e de seu povo nú e bonito.
Como compreender que a música cura se a grande maioria dos músicos morre cedo, entra no desfiladeiro sem retorno das drogas, da Aids, tem ataques cardíacos, são desorganizados, desastrados e não consegue pôr os pés no chão? Simples: música provoca efeitos físicos. Se a música afeta profundamente quem a escuta, imagine o que não acontece com quem a executa! Cada instrumento tem uma afinidade e essa afinidade afeta os órgãos físicos internos, a mente e a estrutura espiritual de cada pessoa, tanto para a saúde quanto para a doença. O som repetitivo da guitarra, por longas horas, desafina os órgãos digestivos. A bateria tira a pessoa do chão, da vida real, e dependendo do tempo que estuca pode afetar a capacidade sexual. Com que parece o som do violino? Os tibetanos sabem como provocar levitação tocando instrumentos rudimentares de metal, mas não ensinam ao ocidente. Tanto para a saúde quanto para a doença, a questão básica que envolve a música, o som, o tom, é a repetição, a duração e a qualidade dessa repetição. Cada órgão físico, tecido, víscera, tipo de fluido vital e líquido tem sua própria sintonia, ritmo, tom, e dependendo do tom que a pessoa escuta ou executa o órgão enfraquece (pulmão, baço, pâncreas, fígado etc.). É como o nome próprio. Se na multidão alguém chama Joacir, vou olhar na direção daquele som que reconheço como meu. Se houverem outros Joacir na mesma multidão, alguns vão olhar mas sem muita convicção, enquanto que outros nem olharão para trás. Cada músico desenvolve a personalidade de acordo com o instrumento ou do som que a ele está ligado com frequência. Cada pessoa, independente de ser músico ou não, tem o seu tom, que vibra quando entra em sintonia com ele. Daí a importância de se tocar/ouvir instrumentos diferentes para variar a sintonia corporal sem desequilibrá-la. As vezes uma pessoa é chamada pelo nome em um lugar que só tem ela com aquele nome e ela pergunta: eu? Por quê? Porque ela não está afinada com o próprio ser – há emoções a serem trabalhadas. O tom pode afinar ou desafinar tanto quem toca quando quem é a ele exposto. Antes de uma sessão de musicoterapia eu me “afino” com oração, uso diapasão, Reiki e floral. Mesmo assim, as vezes o suor corre, e eu tenho que me afinar imediatamente.
Já falamos em outro texto que aquele tum-tum-tum eletrônico estoura o chácra básica e contribui para a diminuição dos fluidos e dos líquidos do corpo, como esperma e saliva. Pois bem, o que ocorre com os músicos profissionais é que eles estabelecem todo um meio-ambiente propício para esvair a essência vital e assim “apressar” a morte. Noitadas em claro, fumo, álcool e alimentação desregrada contribuem para a queda da imunidade, da força vital, da beleza corpórea e do estabelecimento de buracos na aurea de qualquer pessoa. Pode observar que o cabelo começa a cair. Se em lugar do fumo entra a maconha, a velocidade é ainda maior. O músico começa ou a perder peso ou a engordar, dependo dos demais desequilíbrios físicos, mentais, emocionais e espirituais. Quem não lembra do Raul Seixas, um gênio, que ficou quase cego, sem voz e muito magro antes de morrer? A maconha, assim como outras drogas, emagrece ou desenvolve a falsa obesidade (Tim Maia) – muitas vezes é só inchaço. Aparecem rugas imensas no rosto. A pele seca. Os líquidos secam. Todo o sistema linfático entra em colapso e o esperma não é gerado. O homem passa a ter impotência ou dificuldades de ereção e a mulher perde a fertilidade, os óvulos adoecem, secam e ela começa a ficar “fria”. Dá também fraqueza nos joelhos, nos ossos e dores lombares. A febre da herpes torna-se uma companheira frequente. O começo da degeneração depende da genética de cada um. Os sintomas demoram mais a aparecer em alguns mas em outros são rápidos e profundos. Lembro da voz de Cássia Eller antes de gravar o primeiro disco… era linda!
Um gongo afinado e bem utilizado pode provocar a limpeza imediata de uma pessoa intoxicada com maconha, por exemplo. Numa sessão de cinco minutos a pessoa fica pálida, perdida, fria, cansada. Alguns choram, gritam, pedem para parar. Quando você pára, é preciso segurar a pessoa e fazê-la deitar porque ela está totalmente em choque (não sei que palavra melhor poderia colocar aqui). Se essa pessoa, durante o tratamento, for submetida ao mesmo tempo a exercícios físicos, sexo saudável, vegetais, frutas, luz solar e afeto, ela pode começar a “enjoar” a maconha, porque muda de frequência. É fundamental trocar o tipo de música que ouve. Piano e sax fazem bem. O que vai ser extremamente necessário é que haja um apoio emocional firme e forte para essa pessoa porque a energia da maconha, assim como toda droga química ou vegetal, aprisiona o sistema celular, diminui e pode até paralizar o funcionamento do fígado, do baço e do pâncreas – algumas ervas chamadas “de poder” deixam o usuário verde, porque elas foram colocadas na natureza só para o uso dos xamãs, que têm um modo de vida especial – as entidades espirituais sugam as toxinas do fígado dos xamãs, porque faz parte do trato espiritual. Uma pessoa comum não tem esse “trato”. Aquela tremedeira que dá nos viciados de cocaína e ácidos é exatamente porque o sistema celular perde a sua estrutura, a química básica, cai a energia, perdem-se os fluidos vitais e líquidos renovadores – entidades espirituais sugam os viciados. A pessoa começa a secar e a morrer – é uma questão de tempo. Quando começa a dar ruído nos ouvidos, é um péssimo sinal. É como um carro sem os óleos. A morte física pode durar anos mas o raciocínio lógico, a capacidade criativa e de se concentrar morrem rápido. Elas perdem o interesse pelas coisas da vida, procuram viver mais para a noite que para o dia, começam a gostar do escuro, do perigo, da maldade e da violência – e passam pelo esperma ou pelo óvulo, para as gerações futuras, a herança genética desequilibrada. A pessoa mantém a casca, mas está ôca. Vi muitos clientes, nesse estágio, que tinham dificuldade de entender o que eu falava. O teste era fácil: Era só elevar o nível do vocabulário e eles se perdem porque o sistema não consegue raciocinar. Por isso que os viciados inventam gírias. Como todos somos diferentes, em mim, por exemplo, uma inocente barra de chocolate provoca irritação. Se eu fosse boxeador, era só comer uma barra de chocolate antes da luta. Clientes não viciados têm experiências eufóricas com gongos, riem e querem mais. Diapasões afinam os chácras deles com facilidade. O músico, assim como qualquer pessoa, só morre cedo se ele se trancar em seu próprio mundo e esquecer de praticar uma maneira sadia de viver, conectada com o universo mais puro, longe dos copos de plástico e das farmácias de plantão.
A musicoterapia é um excelente coadjuvante nos resgates do equilíbrio, seja ele de origem mental, emocional, física, espiritual ou todas essas coisas juntas. Qualquer pessoa convalescente pode aprender a tocar um instrumento simples e com isso se desconectar dos ganchos emocionais que lhe fez adoecer. Buscar o caminho da musicoterapia para ajudar a alguém com uma doença crônica, terminal, mental ou a sair do vício pode um achado. Um instrumento musical, juntamente com as condições emocionais para ajudá-lo a compreender em que enrascada se meteu, seria o caminho ideal para famílias e amigos, que geralmente se afastam das pessoas doentes da família. No caso de viciados, a primeira reação do pai é querer expulsar o filho de casa. É preciso ter em mente que todo viciado começa a mentir, a chantagear, a roubar e a viver das imagens distorcidas que a droga cria no cérebro, como óleo de carro no asfalto. São capazes de chorar para a chantagem ficar mais bem feita. É uma situação muito difícil de lidar sem amparo profissional – e há uma enorme carência de pessoal especializado capaz de lidar com viciados em droga sem ter que drogá-los. A chave do segredo do resgate está no caminho espiritual e no afeto. Em qualquer situação, a família precisa se unir, resgatar os seus valores morais, emocionais e espirituais para lidar com o problema. Muita conversa, demonstração de carinho e atenção ajuda muito. Tive uma cliente com doze tumores de câncer que a imunidade dela aumentou quando ela foi para a terra natal dela e lá passava horas na praia ouvindo o som do mar, sozinha.
Passei três dias intensos em um seminário de musicoterapia na Califórnia, com o que de mais expoente existe nessa área, e percebi entre eles um erro gravíssimo: a maioria pensa que a musicoterapia por sí basta. Não é assim. Nada se basta. Se se bastasse, a vida na terra já seria perfeita, equilibrada, porque a história humana é a mesma, apenas variando de tempo e espaço. Cometemos os mesmos erros, com versões diferentes, pensando que a vida é uma linha reta. Um dos mestres da técnica vocal, presente no seminário acima referido, quando abre a boca o mundo se enche de tom. Fora do palco é uma pessoa indisciplinada, fala alto e é grosseiro. A esposa não larga o pé porque sabe que ele é incapaz de lembrar que tem um cartão de visitas. Dizem que um grande cantor de ópera italiano da atualidade sofre de depressões profundas quando não está no palco. Por que será? Por que pára de ouvir os aplausos? Ou porque coloca no palco toda a essência da sua vida?
O primeiro cliente que você deve tratar com musicoterapia é você. Dê adeus a uma série de coisas que parece linda, maravilhosa e você se convence que é verdade: aquelas baladas tristes e pessimistas de “eu morro a cada vez que de vejo”, isto é, a música depressiva de solidão, angústia e sofrimento; a música computadorizada, que é como cebola de caixinha, não reproduz o cheiro original! É boa para dançar e é bom dançá-la uma vez ou outra; o problema das boates hoje em dia (ou de sempre?) é o volume, a fumaça, a bebida e as drogas, tudo junto no mesmo lugar. As pessoas liberam energias emocionais desequilibradas e energia não fica sem moradia, invade o próximo corpo disponível. Sai de um corpo e entra em outro; aprender a ir para a cama cedo e acordar cedo; caminhar ao Sol; comer frutas frescas, castanhas, gengibre na carne, pequi; Dançar, fazer sexo intensamente com a pessoa que gosta e caminhar em lugares verdes, com água… Praticar um esporte; ter um animal de estimação, plantas para cuidar ou participar mais dos jogos dos filhos; diminuir ao extremo o uso de telefone e da internet. Rezar, cantar, meditar, fazer Reiki, tocar seu instrumento preferido em lugares silenciosos, como em um parque, por exemplo. Cantar no banheiro, ouvir piano, saxofone, violino, harpa, tambor xamânico. Nadar é um excelente exercício para harmoniar os centros energéticos. A psicoterapia é essencial. Fumar atrapalha a percepção e os cinco sentidos. Você precisa libertar os monstros, que nem sabe que comanda, antes que eles lhe convençam que você é quem incomoda. O musicoterapeuta precisa adquirir técnicas psicoterápicas, conhecer anatomia e desenvolver a intuição através de técnicas energéticas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, como Reiki, Yoga, Tai Chi, etc. JJoacir@gmail.com Texto escrito em novembro de 2006, depois de ministrar um curso de Reiki, ainda sob o efeito da energia universal.
Por José Joacir dos Santos