É fácil saber quando alguém detesta tudo que diz respeito a auto-ajuda: livros, cursos, artigos, textos. Geralmente essas pessoas precisam muito de tudo isso e estão vivendo um estado de negação. Em psicologia, o estado de negação é aquele em que a pessoa finge não existir um problema ou ataca qualquer pessoa que fale sobre o assunto. Ela reage assim porque não quer enfrentar o problema. Se esconde por trás da máscara da negação para tentar, ilusoriamente, permanecer em um estado de satisfação mental – fuga. Naturalmente que isso só atrapalha e aumenta os traumas e problemas emocionais vinculados ao estado de negação. Quando você se posiciona fortemente contra alguma coisa é porque você tem muito a ver com aquela coisa e aí seu instinto faz você reagir firmemente contra. Siga a vida dos deputados cariocas antigays e racistas para ver onde eles irão parar. Quando você ver algo que não gosta, não lhe atrai e você não toma partido, simplesmente igonora ou tenta conviver e respeitar as diferenças, significa que você tem um comportamento saudável.
Pessoas que facilmente falam “eu detesto isso, eu detesto aquilo”, estão claramente dizendo onde elas têm algo mal-resolvido sobre o que dizem detestar. É natural a gente gostar e não gostar de coisas, pessoas, comportamentos, comida, etc. Ninguém é obrigado a gostar das mesmas coisas mas é saudável conviver pacificamente com as diferençasa de gostos, aparências, preferências, gêneros, etc. Mas se há uma ladainha imensa a respeito da cebola no prato, sim, há brasas escondidas nessa fumaça. Para saber se uma pessoa é emocionalmente complicada é só pedir uma lista das coisas que ela detesta na própria vida e na vida de outras pessoas. Um profisional saberá puxar da lista a história familiar dessa pessoa. Há pessoas que não gostam de tomates, por exemplo. Isso pode ser apenas uma reação física dela à química de tomates. Cada ser humano tem cinco sabores dentro de sim, que se manifestam através dos cinco principais órgãos. Quando há um desequilíbrio químico, o corpo tende a manifestar o desejo ou a rejetar a um desses sabores. Mas isso só acontece quando a pessoa está saudável. O desequilíbrio de um dos sabores no organismo leva à confusão física e um bom exemplo disso é quando a pessoa manifesta obsessivamente vontade de comer doce, salgado, azedo, apodrecido e amargo. Detestar quem come tomates é assunto para muitas sessões de terapia.
Pessoas com história familiar de abuso e/ou violência doméstica tendem a se posicionar rigidamente sobre qualquer coisa, qualquer assunto, porque o cérebro reage de acordo com o mundo que ela conhece: abuso e violência. A violência é unilateral, produz visão falsa do equilíbrio, destrói a capacidade natural de amar e torna as pessoas avessas, agressivas, azedas e muitas vezes insuportáveis. Não há meio termo, não há meia pancada, náo há meia palavra agressiva, não há meio palavrão. A violência familiar deixa tatuagens profundas no sistema emocional de todos as pessoas expostas a ela, de criança a adulto. Não há um só ser humano imune à violência, especialmente quando ela é praticada por pessoas que supostamente deveriam ser amáveis e ensinar a amar. Crianças mal-amadas ou rejeitadas, filhas de pessoas ocupadas demais, que não têm tempo para acariciar os filhos, com abraços e palavras, jestos e atitudes, tendem a dividir o mundo em pedaços, em times, em gostar e não gostar, e essa divisão segue, na maioria das vezes, o adulto para a vida inteira. Aquelas pessoas dividem o mundo em times podem estar em um processo de negação e vazio em suas vidas. Se você mora em uma cidade muito violenta, o que lhe segura ai? E as pessoas que têm necessidade de tatuagens, por que será?
Este assunto é muito vasto e educar não combina com ameaçar, forçar, gritar, bater, xingar, despresar, não-abraçar, não-elogiar, não fornecer as necessidades básicas, materiais e emocionais, de um ser humano. Todos temos a tendência de lever para as família que formamos as malezas da família que nos criou e educou – no amor ou na violência. Então, adultos cheios de tatuagens emocionais serão péssimos chefes, governantes, médicos, policiais, professores, terapeutas, especialmente se nunca se submeterem a tratamentos. Esses aumentarão as filas dos mau-amados do mundo, responsáveis por tudo, inclusive da visão negativa, pessimista, mesquinha e cavernosas do mundo. Esses são os responsáveis pelo atraso da humanidade, pelas manchas no DNA das futuras gerações, pelo bloquio ao desenvolvimento das terapias holísticas, dos programas sociais, da morte dos ecossistemas, da poluição dos mares e rios, pelo desmatamento das florestas, pelo crime urbano, pelo alto preço das mensalidades dos cursos de medicina, etc.
A literatura de auto-ajuda é imensa. Está presente em cada banca de revista do país, nas grandes e pequenas livrarias, para todos os gostos. Isso também faz parte de países democráticos, multiculturais, multirraciais e em transição econômica de terceiro para primeiro mundo como o Brasil. Somos abundantes neste assunto, felizmente. Não cabe aqui julgamentos a respeito dessa literatura, muito pelo contrário. Incentivamos a busca individual por aquilo que falta lá dentro do seu ser, por qualquer razão, mesmo uma não citada neste artigo. Mesmo aquilo que a gente sabe que é apelação de editora pode ter alguma coisa interessante. Em termos espirituais, o universo tenta mandar mensagens para cada ser humano, todos os dias, todas as horas e por todos os meios. Por isso, é preciso que cada ser humano dê uma olhada nas bancas de revistas, vitrines de livrarias e nas poucas bibliotecas públicas do país, porque somos ainda muito pobres de leitura. Quantos livros você leu nos últimos 30 dias, e quantas revistas você passou pelo menos as páginas? Cada um de nós se intressa por um assunto ou muitos de de uma vez. Quais são os seus? O que você busca na internet? Se você não tem resposta a essas perguntas a sua vida está muito sem graça e o único responsável por isso são os seus próprios preconceitos.
A leitura é a principal arma anti-envelhecimento, anti-doenças mentais, anti-esquecimento, relaxa a musculatura até no banheiro. A leitura retarda o envelhecimento e a invasão das doenças. Se você se deixa ler um livro, uma revista ou um texto na internet, que fala das coisas que você rejeita, já é meio caminho andado na luta contra o grande bicho-papão: você mesmo. Aproveite seus momentos de solidão para ler sobre aquilo que você detesta e se posiciona contra. Procure várias fontes sobre o mesmo assunto até você descobrir porque você gasta tanta energia detestando e sendo contra. Comece a construir um perfil sobre você, o “detestador de auto-ajuda”, e um belo dia, sozinho no banheiro, se liberte: eu detesto porque preciso de auto-ajuda! Falta democracia na minha própria vida! Eu posso estar preso a traumas familiares, a coisa que não me pertence, a preconceitos que não são meus e eu vivo alimentando tudo isso! Quem sabe, o próximo passo é você ler uma historinha para o filho, o sobrinho, o vizinho. Ah, anjos não existem, não é? Só porque você nunca viu um diz que não existem? Você sabia que a pólvora já foi intentada ou quer ainda descobri-la? Sabia que a base da cultura ocidental é formada pela história de anjos? E o resto que você ainda não sabe porque ignora tudo que se tem escrito a respeito? Humm, então, tam-tam-tam-tam… fe-che-a-bo-qui-nha, o mundo não é só o que os seus olhos podem ver e acreditar! Um título universitário não é o passaporte para você virar uma pessoa chata e incrédula, copiadora de maus ensinamentos de professores sem esperança, aqueles chatos da universidade ou de pais desequilibrados. Liberte-se, procure o caminho da sua auto-ajuda. A vida é aqui e agora. Por José Joacir dos Santos, jjoacir@gmail.com