Por José Joacir dos Santos (*)
Ainda há quem perca preciosas horas do tempo para debater temas históricos da Bíblia como Jesus tinha irmãos ou não. Isso significa ignorância. Não há o que debater se a fonte de pesquisa são as edições censuradas da Bíblia, tanto pelo Vaticano quanto pelas igrejas evangélicas. Infelizmente, a grande maioria dos líderes religiosos evangélicos não têm formação sólida de teologia nem de estudos de outros livros ou fontes originais da história judia e mal falam o idioma nacional, isto é, não têm condições de fazer pesquisas em Bíblias e outros livros/documentos importantes nos idiomas originais nem de viajar para os lugares históricos onde há documentos preservados, especialmente em Israel. A censura, que tem o objetivo de esconder assuntos importantes para manipular o povo, só serve para gerar cunfusão, preconceito, mal-entendidos, atraso social e uma imagem equivocada dos ensinamentos de Jesus e seus discípulos. Imagine discutir genética com a leitura de um só livro! Como poderíamos falar de psicanálise tendo como referência apenas os livros de Freud?
Pois bem, os costumes judeus de antes, durante e depois da vida física de Jesus precisam também ser estudados de diversas fontes porque eles não mudavam muito naquela sociedade extremamente hierarquizada, rígida, militar, assim como não mudam ainda hoje. As guerras e os preconceitos sociais naquela região do mundo ainda têm os mesmos argumentos dos antigos conflitos, quase sempre em nome de Deus (que Deus?), com muito sangue e ódio. A saída mais fácil, para quem quer se desconectar das manipulações é utilizar a Bíblia cristã traduzida diretamente dos textos originais em hebreu, aramaico e grego, sem censuras. Durante séculos as igrejas dificultaram a divulgação dos textos originais porque elas perderia o dinheiro que investem no medo dos castigos de Deus e no fogo do inferno.
Agora é possível essa leitura com aa edição espanhola de “La Biblia Ecuménica”, publicada em 2002 em Madrid. Na página 578, Crônicas 23, está escrito que: com idade avançada, o Rei Davi (David) pediu ao seu filho Salomão que juntasse todos os chefes das tribos de Israel, seus descendentes, inclusive os sacerdores e levitas, para realizar um censo com todos os homens acima dos trinta anos de idade. O objetivo era dividir entre seus filhos e descendentes o poder e todas as tarefas religiosas, políticas, sociais e militares para ser posta em prática depois da morte da sua morte – Um homem na frente do seu tempo. As mulheres, mesmo as filhas do rei, não entravam na contagem de nenhum censo, para nada, muito menos as “esposas”. Elas eram usadas como moeda de troca para os casamentos arranjados,que existem até hoje naquela região do mundo, em várias religiões. Já o ser masculino era (e ainda é) usado como arma de guerra e poder.
O que eu quero chamar a atenção aqui, por semelhança da tradição, é para a história dos irmãos de Jesus. Nesse trecho da Bíblia, David dá ordem expressa para que os descendentes homens da mesma família fossem agrupados como se fossem irmãos para facilitar a divisão do poder. Ele teve 16 filhos, com mulheres diferentes (muitas deles foram presentes dos seus pais depois de uma guerra ou batalha e com elas o Rei David só dormiu o suficiente para gerar filhos homens), com ou sem casamento, apesar de ter um relacionamento homossexual estável com o filho do Rei Saul chamado Jonathan. Por exemplo, Simi, filho do Rei David, teve quatro filhos mas os seus netos Jeús e Beriá, não tiveram muitos filhos. A ordem foi juntar os filhos dos dois para receber a mesma tarefa tribal de poder como se fossem irmãos. Isto aconteceu com Jesus, filho de Maria. O pai adotivo, José, tinha vários filhos (e filhas) com outra mulher já falecida quando recebeu a incumbência de adotar Maria como esposa – para protegê-la socialmente já que mãe solteira seria apedrejada. Então, Jesus cresceu como filho do carpinteiro José, com vários irmãos e irmãs – entre as irmãs havia uma supervidente e médium, que cuidou do Mestre depois da crucificação (não da morte, porque Ele não morreu na cruz). Nas edições censuradas da Bíblia em Português, de todas as seitas e religiões, há passagens nas quais é dito para Maria “ficar os seus filhos” ou alguém dizer para Jesus que “seus irmãos estão aqui”. Equivocadamente, muitas seitas evangélicas desprezam Maria e com isso reforçam o preconceito (e desrespeito) contra as mulheres vindo dos tempos do Rei David.
No Oriente Médio de hoje, em países mulçumanos como Egito, é comum homens que nem se conhecem se chamarem de irmãos (brothers). Mesmo na Palestina católica há essa prática. Os homens do crime organizado brasileiro, influenciados pelas seitas evangélicas, também se tratam de “irmãos”. Certa vez, no Brasil, caminhando com um amigo em um subúrbio de João Pessoa, um grupo estranho de rapazes se aproximou, ele colocou a mão no meu ombro e me apresentou para o grupo como “nosso irmão”. O grupo me saudou e foi embora…
Quanto à virgindade de Maria, mãe de Jesus, recomendo o primeiro capítulo sobre o Espírito Santo do meu livro Fundamentos da Terapia Reiki, cujo conteúdo é o resultado de uma longa e profunda pesquisa em vários países. E a conclusão sobre isso é: sim, ela era virgem e tudo é possível aos olhos de Deus, quer queira ou não queira o machismo religioso antigo.
* José Joacir dos Santos é jornalista e Bacharel em Divindade
Obs: foto copiada da internete pública. Photo was copied from the public internet