Se você defende o raciocínio lógico e anda com uma régua para medir, comparar tamanho, peso, forma e a cor de todas as coisas, eu sinto muito por você. Veja o por quê: Fui levado em viagem astral para um ilha na costa africana de Lamu e obrigado a encontrar com minha própria forma humana vivida naquela ilha. Não tive muita dificuldade de olhar para mim mesmo, de estar diante de uma forma física minha e conversar com ela e entrar nas memórias dela, embora eu hoje e aquela forma fôssemos visivelmente diferentes. Sim, era mulher, negra, educada por brancos colonizadores europeus que falavam francês e italiano. Não deu para investigar muito a vida familiar dela porque o momento era de encarar e resgatar minhas próprias memórias presas naquela vida ou naquela “casca”, que foi tão breve. Meu espírito conta, através dela, das dificuldades de aceitar minha próxima reencarnação porque o corpo a “ela” reservado, além de ser de um homem, era branco, que ela detestava. Disse que “foi abusada inúmeras vezes pelo meu patrão branco”. Sou bem menor em estatura que ela foi. Isso me fez compreender que estava diante de uma emanação do meu próprio ser. Eu nunca simpatizei pela França e sempre passo longe da Itália…
Há coisas que não compreendi e que aqui não posso revelar. Como ela foi obrigada a reencarnar, tentou várias vezes “me largar”, abandonar o corpo a sua própria sorte (quase morri afogado aos seis anos e de acidente de cavalo aos sete), mas teve sempre a pressão dos mentores responsáveis por aquela nova reencarnação. Agora que minha forma nesta vida estava de frente para ela, houve ainda as reações de não aceitação mas neste momento aconteceu a interferência dos mentores da vida atual e pude resgatar para dentro de mim aquelas memórias perdidas naquela emanação que pairava no ar sem o fogo do espírito – como se estivesse congelada no tempo e no espaço; como se fosse a casca de uma cigarra. É interessante o bloqueio emocional que aconteceu naquela vida na África porque anteriormente a ela reencarnei inúmeras vezes em corpo de homem e de mulher sem problemas (no Oriente sempre homem; no Ocidente, as vezes homem, as vezes mulher), porque isso é necessário para a evolução através da implantação do amor incondicional pela humanidade, pela terra, pela vida, etc. O primeiro país que trabalhei, nesta vida, na África, foi Libia, colonizada pelos italianos… Lá fui visitado pelo espírito de sete mulheres curandeiras numa manhã de domingo, com pompas e circunstâncias. Naquela época ainda não era espiritualizado. Foi um choque ver aquelas mulheres, com rosas amarelas nas mãos, entrando pela porta da frente da casa e me enchendo de mimos que iam lá fundo no meu coração.
Lembro quando criança, nesta vida, e também na adolescência, a grande preocupação por ver em mim o corpo masculino, os órgãos genitais, a pele branca, a altura menor do que a esperada. Achava que só eu tinha os órgãos genitais masculinos, até ir para a escola. Lembro de quantas vezes cai, me feri, era chamado de “desastrado” pelos pais porque deixava as coisas cairem das mãos, pulava de lugares altos achando que eram baixos, pegava pesos maiores que meu corpo suportava, falava como adulto no meio dos pequeninos colegas da escola primária. Havia um claro desajuste entre corpo e alma. Quando tinha sete anos, enfrentei uma pessoa que tinham apreendido animais de propriedade dos meus pais, fui no local e libertei os animais. Não sei o que a pessoa estava vendo em mim mas me lembro de ver aquele homem congelado olhando pra mim e me deixando soltar os animais. Lembro das muitas vezes que fui levado em viagem astral e na volta tinha medo de não caber no corpo físico. Isso era um prato cheio para não voltar para esta vida, até que a espiritualidade me empurrou para o estudo e o conhecimento, primeiro pela dor. Agora pelo amor.
Isso me fez ter dificuldades de dirigir, de andar a cavalo, e quebrar muita coisa porque achava que pegava e não pegava. Hoje, graças a todo essa dedicação de um monte de gente, estou muito feliz com meu corpo e pude voltar aquela vida na África para “conversar” com meu próprio ser, resgatar o de melhor e definitivamente aprender comigo mesmo as mil facetas, sem lógica, dos mundos não-físicos. Foi um resgate de alma, da minha própria alma. Mais do que nunca compreendo todos aqueles que não se amam, não se gostam, se rejeitam de alguma forma, são infelizes nos seus corpos porque sei que há um gancho em uma vida anterior que impede a aceitação e com isso a felicidade aqui e agora. Tudo isso pode ser mudado!
A bondade dos seres que me acompanham é tão grande que eles aproveitaram para me fazer encontrar amigos daquela época, mostrar que muitos foram resgatados na vida atual em forma de alunos, clientes e em relações afetivas, e também para me mostrar que é muito raro um espírito receber um corpo que se encaixe perfeitamente naqueles padrões mensuráveis que ele ou ela está acostumado a experimentar. Vi e achei até cômico corpos pequenos com espíritos enormes e corpos enormes com espíritos de “tamanho” pequeno andando nas ruas, com todas as dificuldades dessa falta de encaixe. Alguns tentam, inconscientemente, “compensar” essas dificuldades usando roupas largas demais ou curtas e apertadas demais – e em nenhum dos casos o ajuste acontece, até fica ridículo, porque esse ajuste é mental, espiritual, e envolve muito amor por si mesmo. As vezes é como carregar uma bacia grande com uma xícara pequena dentro, ou colocar na mala do carro uma bola de basquete solta. Algumas pessoas sofrem tanto com esses desajustes que muitas vidas são desperdiçadas e muito projetos de evolução não são cumpridos. O que fazer? A solução está no trabalho terapêutico de auto-aceitação, mesclado com orações, a prática de esportes (até caminhar ajuda), o pensamento positivo e as práticas energéticas como Reiki. Não havendo a aceitação haverá profundos problemas no futuro porque o futuro vai depender só e unicamente da vida presente. jjoacir@gmail.com
Por José Joacir dos Santos