Estava no topo de uma montanha, de cabelos longos e roupa de couro alongada. Era interessante me ver velha e índia. Olhava no horizonte e via o Sol. De mãos levantadas, gritava: Tahum, Tahum, Tahum. A energia do Sol parecia queimar minhas mãos como se eu fosse o fio e a tomada ao mesmo tempo. Puxei a energia do Sol e joguei sobre o vale, cheio de lama, entre duas montanhas, onde o povo morava. Havia um grande buraco no chão do vale atrapalhando a vida das pessoas. Virei para Tahum e com as mãos estendidas puxei uma pequena montanha e a terra desceu sobre o buraco e o tapou. Tahum falou comigo e disse que ordenasse a população do vale a subir para as partes altas da montanha porque choveria muito e haveria inundação. Virei para a a população de ladeira a baixo e gritei que levassem tudo para o alto das montanhas porque iria chover e causar inundação. Tahum disse para não baixar as mãos porque a chuva e as águas iriam obedecer ao meu comando. Quando vi que a população estava a salvo no alto das montanha, inclusive com os animais e plantas, levantei as mãos para o céu e uma imensa nuvem surgiu no horizonte. O dia tornou-se noite e o Sol foi encoberto.
A chuva caiu forte e inundou todas as partes baixas até os rios encontrarem o mar. Do mar, peixes enormes vieram pelas águas para “limpar” o que tivesse de ser limpo. Abri os olhos e tudo era água. Um peixe se sobressaiu das águas e disse: está na hora de parar a chuva! Sim, comandei e a chuva parou. Não vejo mais Tahum mas ouço o sua voz. Ele diz para comandar que as águas voltem para os rios e dos rios para o mar. Assim foi feito. A população assistia a tudo o que podia, agasalhada como podia, mas muitos não obedeceram ao comando de evacuar. Pereceram nas águas e foram comidos pelos grandes peixes. Ao terminar, Tahum disse: a limpeza foi feita, pode mudar a posição dos seus cristais. Notei que havia nos meus pés imensos cristais rosa e branco. Olhei para o Sol e perguntei: quem é Tahum? Neste momento o meu corpo mudava entre o presente e o passado, como se uma fotografia ficasse sobreposta à outra.
Eu sou o pai e a mãe, o que você chama Deus-Pai-Deus-mãe. E Maria, não é a mãe? Sim, ela é parte de Deus-Pai-Deus-Mãe. Agradeci a Tahum, emocionado, e guando fui juntar as mãos para agradecer é que notei que os dedos tinham sido substituídos por barbatanas ou algo parecido com barbatanas. Tahum não deixou que fizesse a pergunta e já respondeu: visualize as suas mãos sadias e do jeito que eram antes. Visualizei, firmemente. As barbatanas foram diminuindo e minhas mãos voltaram a ser o que eram. Lá embaixo, no vale, a população estava em festa, preparando a terra molhada e sadia para o cultivo. Uma mulher se aproximou cantando uma canção de exaltação ao Sol, à Terra, ao Mar, à chuva, aos peixes, ao vale, aos cristais e a Deus-Pai-e-Mãe. Era uma canção conhecida. “Acordei” e estava descoberto na cama com as mãos para cima. San Francisco, EUA, abril de 2009
Por José Joacir dos Santos jjoacir@gmail.com