(*) Por José Joacir dos Santos
Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomendou, em 1983, que todos os países da ONU facilitassem o acesso público às terapias alternativas, o fez baseado em longos estudos, pesquisas e depoimento de médicos, especialistas e secretarias de saúde do mundo inteiro, convidados para essa finalidade, cujo objetivo era que a população de fosse liberada a utilizar suas práticas de saúde herdadas desde a criação do mundo e passadas de mão em mão por curadores, xamãs, raizeiros, rezadeiras, seres espirituais (de maneira fácil e a custos baixos. A diferença entre as terapias antigamente chamadas holísticas e a medicina alopática é grande mas não torna as duas formas de cura incompativeis. O Brasil já avançou, mas está lento no progresso. Há muitos governadores estaduais que não tomaram conhecimento da política do governo federal para as Práticas Integrativas em Saúde.
http://www.who.int/medicines/areas/traditional/definitions/en/print.html
Por que a recomendação da OMS? A acupuntura, por exemplo, jamais usou dissecação de cadáveres para saber onde estão os meridianos. O conhecimento veio dos templos budistas, do conhecimento dos Vedas e Yogues, através da mediunidade, e os governos da China, Coréia e Japão levaram esse conhecimento para as universidades e hospitais. Quando a OMS tomou aquela decisão já sabia que as terapias não pertenciam à área médica, não interfeririam na medicina alopática ou oriental e eram chamadas de “alternativas e/ou complementares”, porque não tinham outro nome, entre elas a Terapia Floral e a Terapia Reiki. http://whqlibdoc.who.int/hq/2000/WHO_EDM_TRM_2000.1.pdf
Por não pertencerem à área médico-alopata, as terapias hoje chamadas de “práticas integrativas” trazem consigo o conhecimento popular acumulado desde milênios, o que faz com que índios brasileiros tratem doenças de forma semelhante a indios norte-americanos, nativos chineses, tibetanos, indianos e russos, sem que um grupo soubesse da existência do outro. As plantas as vezes são as mesmas, mudando de nome de acordo com a cultura, a região, o país, mas a filosofia é tratar o doente, não a doença, isto é, considera os aspectos físicos, mentais, emocionais e espirituais de cada ser humano como um todo, não em partes “especializadas”.
Quando profissionais de saúde tentam afastar o conhecimento espiritualista dos processos de tratamento a prevenção das doenças estão simplesmente praticando o “estado de negação” (“denial”, em inglês, que a psicologia explica muito bem) e que significa “negação, negativa, contradição, recusa, rejeição”. Nesse estado, a pessoa tenta fingir que não sabe que tem um problema, uma questão para resolver ou simplesmente quer ignorar a realidade. No caso de profissionais com conhecimento superior, é uma questão de ignorância pessoal, e aí estão alguns secretários de saúde municipais e estaduais, muitas vezes no cargo por questões políticas estaduais e não pela capacidade de ver o mundo com clareza, incapaz de cololar o interesse popular em primeiro lugar.
É preciso fazer, também, uma distinção semântica no significado de “profissionais de saúde” e “profissionais da área médica”. Os dicionários brasileiros ainda não incorporaram essa definição. Sindicatos e “conselhos de saúde” tentam impor suas definições da mesma forma que tentam manipular o controle das profissões e até tentam exercer o “poder de polícia”, ilegalmente. No nosso entendimento, profissionais da área de saúde pública são todos aqueles que, de uma forma ou de outra, trabalham em prol da saúde humana, de rezadeiras a terapeutas. Profissionais da área médico-alopata são todos aqueles com treinamentos e estudos profissionais na medicina alopática. Profissionais da área médico-oriental são todos aqueles com conhecimento e treinamentos especializados em medicina oriental, seja ela chinesa, japonesa, coreana ou indiana, que é outra maneira de olhar o ser humano mas não deixa de ser medicina. O melhor entendimento para isso é a palavra “doutor”, que pode ser um advogado ou um psicólogo, assim como todo profissional que fez doutorado.
Na India, onde a pressão social é enorme por conta da superpopulação, há médicos ayurvedas, homeopatas e orientais-tibetanos porque esse país tem cursos superiores de graduação, pós e doutorado nessas especializações, as quais são a medicina oficial do país, desde que a India se tornou independente, há 60 anos. Há hospitais públicos e universidades que operam só com essas três áreas da medicina, assim como existem escolas técnicas para a formação pré-universitária de terapeutas dessas áreas. E todos crescem juntos. Por exemplo, psiquiatria utiliza remédios homeopáticos. Uma das mais prestigiadas faculdades e hospital de homeopatia, mantido pelo Governo da India, com atendimento público gratuito, é o Nehru Homeopathic College and Hospital, localizado no bairro Defence Colony, em Nova Delhi: http://www.delhihomeo.com
O Brasil ainda é muito influenciado e mantido pela ditadura dos laboratórios internacionais de medicamentos químicos, com o apoio da bancada médica do Congresso Nacional – mais de 50% são médicos, filhos de médicos ou pró-médicos. Não há nada errado em ser médico ou filho de médico. O problema é que quando um médico resolve ser político há que se questionar sua verdadeira intenção. Sem generalizar, há médicos brasileiros que ainda estão presos aos “homens da mala preta”, isto é, aqueles senhores que entram nos consultórios, na frente dos clientes, com pastas pretas cheias de amostras-grátis de medicamentos recém-inventados pelos laboratórios. Para essa gente, a ditadura militar seria um sonho porque ai eles poderiam continuar a influenciar na prisão de terapeutas e médicos orientais, como aconteceu no Brasil. Há muitos outros médicos honestos e comprometidos com a saúde pública, muitos deles já utilizando práticas integrativas e complementares em saúde pública porque são independentes, sem correntes nas mãos. É claro que os laboratórios são necessários, mas não aqueles que inventam milhares de remédios químicos só para ganhar dinheiro.
Aquelas amostras não são muito gratuitas porque médicos presos a esse sistema são quase que obrigados a seguir as diretrizes daqueles laboratórios, isto é, escravidão de alto nível técnico, como existe largamente nos Estados Unidos. Muitos se acomodam, páram de pesquisar, estudar e perceber a importância das práticas integrativas e complementares em saúde pública, isto é, a origem de tudo, antes das sangrias médicas, especialmente aqueles que não têm vocação para a profissão e estão nelas por circunstâncias familiares diversas ou simplesmente porque “médico fica rico logo”.
Eles não sabem que estão não só contribuindo com o adoecimento das pessoas porque aqueles medicamentos inventados em laboratórios têm mais efeitos colaterais do que medicinais, o custo é alto, os riscos também, enquanto que a homeopatia, a fitoterapia e as terapias energéticas são cada vez mais solicitadas pela população do país inteiro. Além do mais, são aqueles laboratórios também responsáveis, indiretamente, pelo contrabando de ervas brasileiras e, como isso funciona em cadeia, vai na leva o desmatamento da Amazônia, a destruição das montanhas, a poluição dos rios etc. Quem perde com tudo isso é a população brasileira e as gerações futuras que pouca gente pensa nelas. Para verificar o quanto isso é sério, é só ir a qualquer loja de produtos naturais ou supermercados do ramo nos Estados Unidos e contar quantas ervas brasileiras estão sendo vendidas livremente, lado a lado com as vitaminas químicas, e constatar se há algum dado da importação legal delas para aquele país…
O Brasil já avançou muito na libertação das argolas ditatoriais internacionais com a quebra de patentes de medicamentos úteis, necessários e sérios. Aliás, foi o Brasil quem liderou essa rebelião internacional. A equipe do Ministério do Planejamento tem contribuído com saltos quantitativos e qualitativos ao abrir caminho para as “práticas integrativas em saúde pública”. Eles lideraram o reconhecimento oficial, embora arcaico, de várias terapias praticadas pela população em geral, fortalecendo, com isso, a autoestima da população, abrindo milhares de empregos e salvando o conhecimento popular tão vilipendiado pela imprensa em geral, pelos grupos econômicos de poder, inclusive redes de televisão, que não perdem uma oportunidade para tentar descredenciar as práticas integrativas e complementares em saúde humana como floral, homeopatia, acupuntura, Reiki. Já há exceções.
Mas, falta muito ainda e todos nós temos que cruzar os dedos com a mudança de presidente do país porque políticos adoram desfazer o que outros fazem para mostrar poder e satisfação pessoal, não importa se há interesse da população ou não. Na época da ditadura militar, o Itamaraty era um representante à altura dos generais. Há casos famosos de embaixatrizes que mandaram trocar o azulejo das piscinas das casas oficiais simplesmente porque não gostavam da cor. Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a Secretaria de Saúde não seguia as diretrizes do governo federal e dificultava o acesso a Alvará de Licença e Funcionamento para terapeutas porque achava que só médicos podiam ter consultórios. Um secretário de saúde estadual ignorou fatos apresentados por duas associações: Associação dos Mestres e Terapeutas Reiki e Associação dos Terapeutas Florais. Mas, felizmente, em 2014, o governo do Rio Grande do Sul adotou a RESOLUÇÃO Nº 695/13 – CIB / RS, que mudou tudo.
Anos atrás, havia uma repórter da Rede Globo de Brasilia que se recusava a apresentar o chachá da empresa em eventos oficiais porque achava que todo mundo deveria saber quem era ela. Então, é muito oportuno que profissionais da área de saúde pública escolham muito bem os próximos representantes no Congresso Nacional e no Palácio da Alvorada, sem preconceitos, especialmente aqueles reconhecidamente envolvidos com as questões sociais, de saúde pública, ecologia e segurança do país, futuro do planeta. Precisamos quebrar todos os padrões e votar bem, com consciência e liberdade de expressão, para salvar as tradições populares positivas e nos livrarmos das mesmices. Afinal, quem faz as leis do país precisa ter comprometimento com as verdadeiras aspirações do povo. Quem não sabe as histórias da Rainha Louca de Portugal? Adeus fichas sujas! (*) José Joacir dos Santos é jornalista e doutor em psicologia jjoacir@gmail.com