A vida de terapeuta é muito interessante, especialmente quando a pessoa gosta do que faz. Ser terapeuta no Brasil e em muitos países latinos requer vontade e persistência, além de bom investimento financeiro. Cursos são caros e ainda estão nas mãos de profissionais liberais por falta de engajamento e até desconhecimento das conquistas obtidas junto aos órgãos federais. Falta investimento das universidades em todas as terapias naturais (atualmente chamas de Práticas Integrativas de Saúde Humana). Por sua vez, os ministérios federais ainda estão despreparados para lidar com as terapias de conhecimento público e o único que toma a frente das decisões políticas é o Ministério do Planejamento. Os terapeutas ainda são desorganizados, não insistem, não escolhem seus representantes no Congresso Nacional e a grande maioria se vincula mais ao misticismo. Ainda por cima, não se filiam às associações de classe, mas, sim, a sindicatos que os explora financeiramente.
Outra grande falha é do governo federal, que entrega cargos de confiança à divisão do bolo político-partidário. Por causa disso, as chefias estão, quase sempre, nas mãos de pessoas que não tem o menor conhecimento sobre terapias integrativas e não fazem a menor questão de investigar e conhecê-las. Quase todos os ministérios em Brasilia funcionam sem uma estrutura permanente, onde funcionários concursados são colocados em segundo ou terceiro lugares nas decisões, nas lideranças políticas de saúde, isto é, não são os funcionários de carreira, com anos de experiência, que assumem pastas importantes: os chefes são apadrinhados políticos que nada entendem de políticas públicas de saúde.
A coisa fica feia quando muda de presidente da República. Quem conhece um terapeuta holístico experiente escolhido pelo governo federal para um cargo no Ministério da Saúde, por exemplo? Por que médicos alopatas são os escolhidos? Em Brasilia, capital da República, funcionários públicos federais sabem muito bem que médicos, militares e diplomatas não são bons administradores, com raríssimas exceções porque as ambições de carreira atrapalha o compromisso com a missão pública. No Nordeste, ainda se vota em médico por uma consulta ou outra gratuita, e isso é uma vergonha. Moradores de Brasília sabem o que acontece com deputados e senadores que vão para aquela linda cidade morar e ficar ricos – são os piores vizinhos, as esposas e filhos ainda dão “carteiradas” até nos porteiros de prédio, depredam os apartamentos funcionais e falam mal de Brasilia o tempo inteiro (… porque não tem praia, não tem esquinas, não tem escolas-de-samba, isto ou aquilo).
Para que haja uma mudança estrutural nesse quadro da política de saúde pública brasileira é preciso que os terapeutas RE-aprendam a votar. Conquistas como a implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde Pública no SUS precisam voltar a acontecer, florescer, brotar e crescer. Para isso, é precisa que terapeutas e demais profissionais da sáude pública tomem atitudes diferentes nas próximas eleições, em todos os níveis, porque se a situação a nível federal é crítica, imagine nos nos estados e municípios. A nossa postura agora é escolher bem quem vai nos representar, seja na prefeitura ou na Presidência da República, não esquecendo que a chave principal da legislação é o Senado Federal e Câmera dos Deputados. Até hoje há estados, como o Rio Grande do Sul, Pará, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte, Goiás que não implementaram as diretrizes para a implantação das Práticas conforme a orientação do Governo Federal.
Sem leis, as Práticas Integrativas em Saúde Pública, todas amparadas por Portarias, podem a qualquer momento serem “revogadas” e com isso anos de batalhas nos bastidores serem perdidos. Basta um grevista de direita ou de esquerda se tornar, por cochavos políticos, chefe de uma pasta importante no Ministério da Saúde, do Trabalho ou do Planejamento, como ocorreu no primeiro governo do Presidente Lula. Necessitamos urgentemente de leis que regulem as práticas terapêuticas no país para evitar a pressão contrária a elas feita pelas grandes redes de televisão e pelos órgãos de classe da medicina alopática, muitos deles comprometidos com os grandes conglomerados da “indústria da saúde”, ou seja, da doença pública, do vício de medicamentos e drogas químicas.
Aquela atitude anárquica de votar em cantores populares, “Enéias” e Macaco Tião, é idiota. O país precisa de pessoas sérias e comprometidas com as causas populares e a principal delas é a saúde pelas formas naturais, baseadas no conhecimento popular e holístico, os quais dominamos bem, embora sejamos desorganizados, lentos e muitos terapeutas vivam com os pés nas nuvens. Alguém conhece algum projeto importante implementado pelo Deputado Agnaldo Timóteo? E o Senhor Juruna, o índio? Alguém conhece algum deputado que seja Terapeuta Holístico? E aqueles deputados e senadores filhos e netos de deputados e senadores, cuja especialidade técnica é ser filho ou neto de deputado ou senador? Não pertenço a partido político algum, nem escolhi candidatos, e não quero para o meu pais um presidente mulher só porque é mulher, nem “verde” só porque se diz verde e fuma maconha, nem um travesti só porque há homofobia pelo país afora. Que tal um presidente que não sorrir, como Médicis? Pessoas que não sorriem em público têm limitações emocionais e são péssimos chefes. Quem não lembra de Itamar Franco? O General João Fiqueiredo só tirava fotos oficiais sorrindo, mas era tão rude quanto os cavalos que adorava. E na Paraíba onde políticos se matam?
Precisamos deixar de cometer erros do passado e deixar a emoção para os jogos de futebol. Agora é a vez da razão. Votar representa mudar para melhor. E essa mudança começa com a escolha de vereadores. Por exemplo, há cidades na Paraíba em que vereadores só são conhecidos pelos funcionários que fazem a folha de pagamento das prefeituras. Quem elegeu eles? Como alguém pode reclamar do atendimento nos hospitais se escolhem vereadores ausentes? Me preocupa muito presidentes “sucessores” que têm dificuldade de caminhar pelas próprias pernas como muitos que já tivemos, nos últimos anos, ou aqueles que usam bandeiras ecológicas mas estão presos a religiões…
Então, fica aqui meu apelo a todos os profissionais da saúde pública, todos os terapeutas, todos os profissionais de saúde e médicos do bem para que votem em pessoas comprometidas com as Práticas Integrativas em Saúde Pública, independente do sexo, da religião, dos partidos ou de quem quer impor sucessores. Sejamos independentes e sábios, assim como tentemos dar consciência disso às pessoas indecisas e fracas ao nosso redor, especialmente aquelas que trocam seus votos por favores banais e passageiros, porque isso é trocar a alma e o bem-estar das futuras gerações. A continuidade é um veneno fácil e embreagador, especialmente se o elemento continuador não se mantém em pé com as próprias e firmes pernas. Floral neles!
Por José Joacir dos Santos – Presidente da Asteflor – Associação dos Terapeutas Florais