Por José Joacir dos Santos
O conhecimento sobre a musicoterapia oriental, basicamente de origem tibetana, é um dos mais antigos do mundo. O som tem capacidades curativas e destrutivas, dependendo da maneira, de onde, da intensidade e da constância como é utilizado. Em termos terapêuticos, o som de um instrumento não é só captado pelos ouvidos ou percebido só pelo cérebro. Cada célula do corpo físico e suas conexões com os corpos sutis (mais finos, menos densos e também aqueles que chamamos de corpos espirituais), toma conhecimento imediatamente da qualidade de um som emitido, de qualquer espécie. Seja por instrumento musical, de qualquer material, por voz humana ou por outros tipos de ruídos e sonoridades. Nada é ignorado pela memória celular de qualquer ser humano – nem mesmo pelos animais e pela natureza.
A medicina alopática tende a creditar as reações humanas às capacidades cerebrais, mas isso não é bem assim. Há que se considerar outros fatores a que os seres vivos, especialmente humanos, estão expostos, inclusive a conexão espiritual, a energia vital universal que navega pelo sistema solar. As células são organismos vivos, inteligentes, ativadas 24 horas ao dia e registram tudo que estiver ao seu alcance, especialmente os sons e tons – dos pés à cabeça e vice-versa. Qualquer órgão interno é capaz de assimilar um ruído externo, mas existem humanos com suas deficiências físicas, mentais, emocionais e espirituais. O ser humano não precisa do cérebro para essa conexão imediata com o som. Pessoas surdas podem sentir a vibração sonora. O sistema celular de pessoa inconsciente ou em estado de coma profundo capta qualquer som e tom que estiver ao seu alcance físico, mental, emocional e espiritual — tudo está conectado. Algumas pessoas não são capacitadas com a sensibilidade para estes assuntos. Essas tendem a desacreditar na musicoterapia.
Tenho acumulado experiência com alunos de Reiki e de outras Práticas Integrativas de Saúde sobre o poder da palavra, do som e do tom. Em todas as experiências, pude comprovar que mesmo a pessoa tendo consciência de que uma brincadeira é uma brincadeira, de que uma piada é uma piada, a psiquê ignora isso e leva tudo a sério. Os assédios morais, por mais leves que possam ser, não são ignorados pela vítima, como um todo. Ela pode tentar ignorar, mas estará absorvendo tudo, o que varia é o nível de absorção, consciente ou não. Portanto, o ser humano é como um grande ouvido, vinte e quatro horas, sem parar. E tem mais: grava tudo, quer o indivíduo tenha consciência ou não. Grande parte do lixo sonoro que acumulamos fica registrado no sistema celular. É preciso ter disciplina para corrigir a memória celular congestionada e acumulada, não só desta vida. É preciso treinamento. As pessoas submetidas a lavagens cerebrais religiosas, por exemplo, levam anos para se livrar delas. Por todas essas razões, a escolha de um instrumento para o trabalho terapêutico individual, consigo mesmo, com cliente ou aluno, deve ser levada a sério: desde o material do instrumento a sua frequência sonora (correta, equilibrada e apropriada para cada finalidade). O ideal é que a pessoa tenha os instrumentos para seu uso pessoal e não utilize eles para trabalhar com outras pessoas.
Sinos e tigelas tibetanas são vendidos facilmente. Há toda uma indústria que tira proveito da demanda. Alguns até são decorados com símbolos sagrados do Budismo porque são facilmente vendidos, mas nem sempre estão equilibrados. O processo de imprimir símbolos e desenhos nas tigelas, sinos, gongos e tingshas danifica a sonoridade e a frequência original do instrumento ou cria uma nova frequência. Todos são apelativos e bonitos. Dessa forma, é preferível que se adquira o instrumento, para o uso terapêutico e até para meditações, que não tenha símbolos ou qualquer desenho em seu corpo físico (nem rachaduras ou defeitos). Todo sino e toda tigela têm som/tom e as vezes muito bonito e sedutor. Mas, para o trabalho terapêutico, tem que ser observada a frequência correta para cada órgão e cada chácra. Do contrário, é melhor não os utilizar. Quem quer ter uma frequência errada em si mesmo? É como carregar para sempre uma tatuagem errada, feita por uma pessoa desequilibrada e viciada. Há programas para medir a frequência de um sino ou de uma tigela que você pode instalar até no celular. Os melhores sinos são vendidos em Kathmandu, Nepal. Mesmo assim, fora do grande mercado para turistas estrangeiros. A grande dificuldade é trazê-los de lá. Os sinos chineses e indianos são industrializados, isto é, feitos para vender… e devem ser descartados. Geralmente são importados via mercado de plástico do Paraguai. Os sinos de fabricação japonesas, geralmente de cor amarela, têm outras finalidades, por exemplo, chamar o público para o início de cerimônias ou para controlar as aulas de ioga. Não são apropriados para a musicoterapia.
É preciso ter em mente que a musicoterapia ensinada das faculdades brasileiras é bem diferente da musicoterapia oriental, ensinada por mestres treinados em templos budistas e taoístas, como o autor deste texto. Texto atualizado em 09/03/2023