Estava fora do corpo e fui visitar um homem que entrava em um lago para ser curado por um peixe. A água era doce, de rio ou de lago, que ficava turva na medida em que ele entrava e havia muitas plantas aquáticas de forma que não pude ver o peixe.
Conversei com o homem e ele me contou que “ninguém havia dado jeito nos problemas musculares” que ele tinha até ele entrar naquele lago e o peixe “grudar” nele. Cadê o peixe? Está debaixo de mim! Intuitivamente, coloquei as mãos na água e comecei a cantar “Amazing Grace”. Senti um toque, como uma fisgada elétrica e continuei. Aos poucos pude ver o peixe tocando as minhas mãos com suas nadadeiras. Era muito feio, largo com uma arraia, mas escamoso e o corpo era horizontal. No momento em que a canção tem um tom alto, e eu elevei a voz, o peixe colocou a cabeça pra fora e imitou aquele som. Tanto eu quanto o homem que assistia ficamos surpresos. O peixe não soltava minhas mãos, de forma dócil e carinhosa. Parei de cantar e disse umas três vezes: você é lindo. Ao repetir pela terceira vez, o peixe colocou a cabeça fora da água e repetiu claramente “você é lindo”. Depois disso ele submergiu. Notei que minhas mãos e braços estavam impregnados com algo pegajoso como uma graxa, com o mesmo cheiro daquele ser da água. Passei a mão tentando lavar a “graxa”. Na medida em que a substância era lavada, via os meus corpos espirituais se tornarem cristalinos. Foi uma das imagens mais lindas que já vi. É como se esses corpos fossem uma geléia azul-esverdeada da cor da água mais cristalina que possa existir. Ao mesmo tempo era rígido e flexível. Lavei os dois braços, as pernas, o corpo inteiro e de repente eu era invisível para todas as demais pessoas, ao mesmo tempo que era da cor do mar, dos lagos, dos rios e poderia muito bem ser confundido dentro da água como se fosse a própria água. Plantas, algas e pedras se refletiam em mim de tanta pureza e nitidez cristalina que eram agora os meus corpos espirituais. Não queria mais voltar para meu corpo físico deitado no meu quarto, mas sabia que havia um compromisso e um contrato assinado que eu devo curprir até o último milésimo de segundo desta vida. Seria aquele peixe-curador um ascestral (dizem que vinhemos do mar)? Estaria essa experiência ligada a muitas tradições, pelo mundo inteiro, onde rezam pelos seres do mar? Qual o elo que perdemos, enquanto poluimos rios, lagos e mares? Por que a água é tão importante para todo ser humano, que em si carrega 70% de água? (não anotei a data desta visão, mas na época estava estudando anatomia na Faculdade de Medicina Oriental de San Francisco. jjoacir@gmail.com
Por José Joacir dos Santos