Não atenho consciência de como cheguei a esse lugar e não fiz perguntas porque pensei se tratar de um lugar meio reservado. Havia no meio da sala um aparelho parecido com um microscópio grande, no sentido horizontal, sem parafusos. Uma luz acende e pessoas são despejadas ou materializadas pela tela. Estou na recepção dessas pessoas, juntamente com um colega. Essas são as que facilmente reconhecem que faleceram, não olham para tras e são imediatamente levadas para um plano espiritual de acordo com o nível de conhecimento. Há atendentes encaminhando todas elas para o destino final, que parece uma infinidade de corredores. Quando dois rapazes, juntos, perguntei diretamente: como vocês morreram? Um olha para o outro e diz: descuidamos e tivemos um acidente de carro. Ele responde olhando para o companheiro e compreendo que quem dirigia era o companheiro, mas ele não demonstrava raiva. Uma tela se abre em um outro aparelho, parecido um telefone com câmara, e uma pessoa do outro lado mostra um documento e diz: já identifiquei os dois. A coordenadora me pediu que levamos os dois para um outro ambiente e meu colega diz e diz para seguir em frente e obedecerem todas as instruções do próximo colega. O lugar era imenso. Tem uma janela que dá para o andar inferior e por ela vi que os andares de baixo estão cheios de pessoas de todas as partes do mundo.
No mesmo salão há outro aparelho semelhante e o colega me chama para me mostrar: Este é o outro lado da história. Essa pessoa vai reencarnar forçadamente. Ela está aqui em miniatura mental (do tamanho de uma bola de ping-pong) e vamos inseri-la no novo corpo que acaba de nascer. Ele aperta um botão e o aparelho solta uma luz que viaja no espaço, seguindo a rede holográfica da Terra. Na parede é mostrado o percurso e a luz, como uma estrela cadente, cai em uma região da Ásia. Fico fascinado por aqueles aparelhos e compreendo bem que aquela equipe trabalha tanto na recepção dos recém-desencarnados como no envio dos que vão re-nascer (quem sabe um dia esses aparelhos sejam colocados à disposição da ciência na Terra). Meu colega me chama para irmos para a aula. Lá já estão vários alunos. O ambiente é extremamente limpo e a gente pode ser refletido nas paredes, no chão e no teto. Me vejo em todos os lados. Os colegas da sala me mostram o que famos aprender hoje: todo o processo de re-nascer e re-morrer. O professor entra, vestino com uma espécie de manto feito de retalhos coloridos. Fico surpreso com a aparência de 16 anos dele. A turma se cala e se senta e a aula começa. Não consegui identificar em que língua falávamos, era como se não houvesse uma língua específica mas todos entendiam e falavam, inclusive eu. Quando voltei ao corpo físico não conseguia lembrar do conteúdo da aula e desconfio que isso foi feito de propósito. As vezes essas aulas ficam gravadas no nosso inconsciente para a utilização no momento adequado. Nem sempre temos permissão de contar tudo. Nova Delhi, Índia, março de 2010
Por José Joacir dos Santos